A caminho do Draft 2014 – Segundo mês

Ricardo Stabolito Jr., Gustavo Lima e Zeca Oliveira compartilham suas opiniões e “aquecem os motores” para o esperado draft de 2014

Fonte: Ricardo Stabolito Jr., Gustavo Lima e Zeca Oliveira compartilham suas opiniões e "aquecem os motores" para o esperado draft de 2014

“A caminho do Draft 2014” é um post mensal que traz uma visão ampla sobre o recrutamento mais aguardado dos últimos anos. Trata-se de uma revista eletrônica composta por notícias, artigos, matérias especiais, perfis, análises, podcasts e rankings que conta com a produção de Gustavo Lima, Ricardo Stabolito e Zeca Oliveira (go-to guy Brasil). Este é o início de uma cobertura que só vai terminar em junho do ano que vem, com o nosso tradicional programa especial no dia do draft. Tudo começa aqui. Mensalmente, no Jumper Brasil.

 

Explorando as necessidades dos times da loteria

Por Gustavo Lima

Julius Randle, ala-pivô de Kentucky

Julius Randle, ala-pivô de Kentucky

A cartilha informal do draft prega que você não deve selecionar um prospecto pensando na necessidade do seu time. Sempre vá atrás do maior talento disponível, dizem. Isso é regra básica, mas seria ingenuidade tomar como certeza que as lacunas do elenco não têm um papel, mesmo que mínimo, na seleção de uma equipe.

Se a temporada terminasse neste momento, o Milwaukee Bucks teria a pior campanha do ano e, por isso, mais chances de vencer a loteria do draft, seguido pelo Utah Jazz. No meu texto deste mês, vamos analisar as necessidades das franquias que, hoje, seriam donas das dez primeiras posições no sorteio que define as escolhas de loteria. Vamos lá:

1. Milwaukee Bucks
Carências:
SG, SF, PF e C

O Bucks tem como base os jovens Brandon Knight, O.J. Mayo, Giannis Antetokounmpo, John Henson e Larry Sanders. Analisando o elenco do time, carências são notadas em quase todas as posições, exceto a armação. Sendo assim, a franquia teria que selecionar o melhor talento disponível. Imaginem se, na próxima temporada, eles pudessem reunir dois alas da condição atlética de Andrew Wiggins e Antetokounmpo. Outras opções seriam Jabari Parker (o scorer de perímetro) e Julius Randle (a máquina de pontos e rebotes no garrafão). De qualquer forma, o Bucks estaria bem servido.

2. Utah Jazz
Carências:
SF, PF e C

O time de Salt Lake City tem uma base jovem talentosa – Trey Burke, Alec Burks, Gordon Hayward, Derrick Favors, Enes Kanter. Para complementar esse grupo, além de Wiggins, Parker ou Randle, outra boa opção poderia ser Joel Embiid. O Jazz está em uma posição confortável e vai ter que quebrar a cabeça para definir qual seria a escolha mais adequada. Mas essa é uma boa dor de cabeça, não é?

3. Denver Nuggets (via New York Knicks)
Carências:
SG e C

As grandes lacunas do Nuggets estão nas posições de ala-armador e pivô. Com a terceira escolha, a equipe do Colorado poderia selecionar um homem de garrafão como Embiid – contando que Parker e Wiggins já tenham saído. O jogador camaronês é, de longe, o melhor pivô do recrutamento.

4. Philadelphia 76ers
Carências:
SG, SF e PF

O Sixers orbita sua recém-iniciada reconstrução de elenco em torno de Michael Carter-Williams e Nerlens Noel. Neste caso, o time precisaria de talento nas posições restantes. Qualquer um do “Big Three” (Wiggins, Parker e Randle) cairia como uma luva no time da Pensilvânia.

5. Sacramento Kings
Carências:
SG e PF

O Kings já possui pontuadores demais no time (Isaiah Thomas, Ben McLemore, Rudy Gay, DeMarcus Cousins) e, por isso, precisa de um jogador que adicione maior consistência defensiva ao time. O nome mais indicado aqui seria o combo guard Marcus Smart, melhor defensor de perímetro do recrutamento. Mas, se optar por preencher a lacuna da posição quatro, Aaron Gordon e Noah Vonleh seriam os mais indicados.

6. Atlanta Hawks (via Brooklyn Nets)
Carência:
SF

O Hawks já tem um bom time e, caso o Nets siga dando vexame, abocanhará uma escolha de loteria ainda por causa da troca de Joe Johnson. Sem dúvidas, a grande lacuna da equipe está na posição três, ocupada pelo limitado DeMarre Carroll. Com Wiggins e Parker fora da lista, restaria nomes como Rodney Hood, James Young, Jerami Grant e Glenn Robinson III.

7. Orlando Magic
Carências:
PG e PF

A reconstrução de elenco do Magic vai muito bem, obrigado. Com Victor Oladipo, Arron Afflalo, Tobias Harris e Nikola Vucevic, o time já tem um quarteto de talento. O ideal aqui seria um ala-pivô ou um armador. Seria ótimo se Smart ou Randle estivessem disponíveis, mas, a esta altura, as melhores opções seriam alas-pivôs como Gordon e Vonleh.

8. Cleveland Cavaliers
Carência:
SF

Está claro que o Cavaliers tem uma lacuna gigante na posição três. A esta altura, os melhores nomes seriam aqueles mesmo que citei acima para o Hawks: Hood, Grant, Young e Robinson III.

9. Chicago Bulls
Carência:
SG

Contando que (a) Derrick Rose voltará bem de mais uma grave lesão e (b) Luol Deng, Jimmy Butler, Taj Gibson, Carlos Boozer e Joakim Noah permaneçam no elenco, a maior lacuna da equipe estaria na posição dois – mais precisamente, alguém que pontue. O australiano Dante Exum parece ser uma excelente escolha, se disponível. Outras boas opções seriam os alas-armadores Gary Harris e Zach LaVine.

10. Los Angeles Lakers
Carências:
PG, SG, SF, PF e C

O Lakers vai ter apenas Kobe Bryant e Steve Nash (tá bom, ainda tem o fraquíssimo Robert Sacre) com contratos garantidos na próxima temporada. Reforços em todas as posições são necessários. O mais indicado seria escolher o maior talento disponível. Que armador? Dante Exum e Tyler Ennis poderiam sobrar até aqui. Ala? Hood, Grant, Young e Robinson III seguem como alternativas. Ala-pivô? Gordon, Vonleh, Dario Saric e Montrezl Harrell são possibilidades. Todos os citados têm chances de serem escolhas TOP 10 no próximo draft.

 

Kyle Anderson: o X-factor das projeções

Por Zeca Oliveira

Kyle Anderson, ala de UCLA

Kyle Anderson, ala de UCLA

Se você utiliza em algum momento o nome de Magic Johnson para definir um jogador, ainda que esta não seja uma comparação formal, é muito provável que esteja falando de um atleta especial. É por isso que, desde antes da carreira universitária, eu tenho acompanhado Kyle Anderson, de UCLA. Afinal, trata-se de um jogador com altura de ala, habilidades de armador puro e eficiência nos rebotes de um homem de garrafão.

Eu não vou falar aqui que um armador precisa necessariamente ser alto para ter uma visão de quadra apurada (não é como um quarterback), mas observando as atuações de Anderson fica claro que sua altura facilita bastante as coisas neste sentido. Por si só, ele chama a atenção para que assistamos UCLA hoje em dia. Até brinquei outro dia, no twitter, que se o draft fosse ser ordenado pelos jogadores mais divertidos, o ala teria grandes chances de ser a primeira escolha.

Mas isso é algo bem distante de sua realidade. Boa parte dos olheiros ainda guardam sérias preocupações com sua condição atlética, arremesso inconsistente e falta de uma posição determinada. Anderson vem atuando com primeiro ball handler de UCLA nesta temporada, mas, na defesa, não consegue manter jogadores mais baixos (e, consequentemente, mais rápidos) longe da cesta e sempre acaba marcando caras maiores.

Duas décadas atrás, quando os recrutadores eram menos rigorosos com a parte física e mais focados no que o prospecto podia fazer ao invés de suas limitações, ele provavelmente teria uma melhor projeção. Mas o fato é que, hoje, Anderson se encontra em uma posição difícil. Ainda que estejamos longe do dia do recrutamento – e até mesmo da época em que os times podem se encontrar com os atletas –, já dá para cravar que o jovem será um daqueles caras que pode fazer sucesso entre algumas equipes e não agradar nada a outras. Polarizador.

Em outras palavras, mais agradáveis, nós podemos dizer que Anderson é aquele prospecto que vai trazer a imprevisibilidade que adoramos em drafts. No final das contas, ele pode depender muito da sorte. Não se surpreenda se a diferença dele entre diferentes mocks for grande. Ele é esse cara.

Depois de ver como melhorou seu arremesso neste início de temporada, eu posso afirmar que já estou no time daqueles que acreditam em seu potencial. Alguns de vocês vão ficar do outro lado, normal. Mas, seja qual lado estiver, admita, é divertido pra caramba ver o garoto jogar!

 

Sai a loteria, entra o rodízio?

Por Ricardo Stabolito Jr.

NBA Draft LotteryA loteria do draft não é a ideia mais popular da NBA hoje em dia. E, ao contrário do que muitos imaginam, nada poderia ter sido pior para o criticado sistema do que o surgimento da melhor classe de calouros em uma década. Com vários times começando suas temporadas com os olhos tão atentos ao basquete universitário quanto ao profissional, os críticos da loteria veem seus discursos ganharem força. Para eles, o sorteio que define a ordem das escolhas do recrutamento é um “incentivo ao tanking” e um “prêmio à mediocridade”.

Não é de hoje que a liga pensa em uma alternativa razoável para “aposentar” a loteria. Uma das novas ideias foi divulgada na última semana por Zach Lowe, do site Grantland, e deverá ser analisada nos próximos meses. Trata-se de estabelecer um rodízio, em que os times vão selecionar uma vez em cada posição da primeira rodada a cada 30 anos. O posicionamento seria pré-determinado e independente da campanha anterior.

Na prática, isso quer dizer que cada equipe teria uma primeira escolha do draft – assim como cada uma das outras da rodada inaugural – a cada 30 temporadas.

É mais uma tentativa que, a princípio, revela-se bem sucedida: as posições pré-determinadas acabam com o tanking, a noção de que jogar para perder vale a pena em longo prazo. Há dois problemas sérios, porém, nesta proposta: um de elegibilidade e outro que diz respeito ao aspecto mercadológico da liga.

O primeiro, de elegibilidade, refere-se ao poder que os jogadores universitários passam a ter a partir do momento que sabem qual vai ser a ordem de escolha dos times antes de realizarem suas inscrições no recrutamento. Situação hipotética: um prospecto de elite, de um programa de ponta, pretende entrar no draft no ano em que o Bucks ou Raptors terá a primeira seleção. No entanto, ele sabe que o Lakers ou o atual campeão da NBA será o primeiro a escolher no ano seguinte. E aí, não compensa esperar um ano, não? Você acha que nosso prospecto de elite não esperaria?

O segundo, de mercado, relaciona-se ao senso de competitividade da NBA. O sistema de loteria ajuda a criar a esperança de que equipes mais fracas podem melhorar por meio do recrutamento e, por consequência, voltem a ser relevantes. Qual é a expectativa que uma franquia em péssima fase pode criar em seus torcedores ou na cidade quando sabe que não terá uma escolha TOP 5 de draft – a chance de dar uma guinada – pelas próximas três ou quatro temporadas?

Além disso, há um terceiro ponto: será que a loteria não funciona mesmo? Não quero dizer que seja perfeita (não é), mas é um sistema que vem funcionando por muito tempo e não garante o grande prêmio ao dono da pior campanha – o que acontece em outras grandes ligas. Pode-se até “premiar a mediocridade”, mas existe o cuidado de não se premiar a “pior mediocridade”.  

A sensação de que todos estão tankando cria um clima ruim em torno da loteria, mas também ajuda a superestimar um problema que ainda não é bem compreendido. O início do Sixers, o momento atual do Raptors e a campanha do Suns comprovam que ninguém entra em quadra para perder. Pode-se montar um elenco ruim, mas treinadores e jogadores sempre querem ganhar. Popularizou-se chamar tudo de tank hoje em dia (reconstrução, times contundidos e por aí vai), mas “jogar para perder” de fato é um fenômeno bem menos costumeiro do que se imagina. Colocar tudo na conta da loteria é ingenuidade. Uma coisa é não ser perfeito, outra é estar errado.

 

Jumper Brasil Discute Redux – Subindo nas projeções

1. De zero a dez, quais as chances de Joel Embiid “surpreender” e acabar sendo a primeira escolha do próximo draft?

Gustavo Lima: Zero. Embiid só seria a primeira escolha se Andrew Wiggins e Jabari Parker não entrassem no recrutamento. Mas suas chances de entrar no TOP 3, no lugar de Julius Randle, são grandes. A posição de pivô é muito valorizada no draft e o camaronês vem demonstrando que possui imenso potencial.

Ricardo Stabolito Jr.: Dois. Pelo que se lê, Embiid tem uma chance. Atuar em posição diferente – e mais valorizada – dos três principais prospectos do draft é uma vantagem. Eu não faria e acho que a maioria dos times também, mas só é preciso uma equipe para escolhê-lo.

Zeca Oliveira: Quatro. Ainda não gosto tanto assim das chances dele, mas é um cara que vai impressionar bastante quando for fazer os testes físico-atléticos lá por maio e vem mostrando evolução em seu jogo nas últimas partidas de Kansas.

 

2. Em um mês, Zach LaVine passou de um calouro sem muita badalação para uma potencial escolha TOP 10. Como explicar isso?

Gustavo Lima: Isso é normal quando falamos de draft. Analistas e olheiros supervalorizam, encantam-se, sei lá, com certos prospectos. LaVine é a bola da vez, que teve algumas boas atuações por UCLA e muitos se atrevem a comparar com Russell Westbrook. Menos, muito menos. Ele decepcionou contra o forte time de Kansas e os “especialistas” parecem ter recobrado o juízo. Pelo estilo de jogo, ele está mais para Kevin Martin.

Ricardo Stabolito Jr.: É da natureza humana ir atrás de novidades para “chacoalhar” a ordem das coisas. E, no fim das contas, o trabalho de analistas e olheiros é descobrir. No caso do ala-armador de UCLA, eu até acho que a hype tem certa lógica: em muitos sentidos, LaVine é uma espécie de Dante Exum norte-americano.

Zeca Oliveira: LaVine tem feito algumas jogadas de efeito e parece que entrou no jogo com a mentalidade de quem disputa um concurso de enterradas. Isso chama a atenção e mostra sua condição atlética fora do comum. Seu potencial estelar é o que fica na cabeça, mesmo sendo inconstante. Em mocks neste momento da temporada, isso é tudo o que você precisa saber.  

 

3. Quem é o prospecto que não está nos holofotes neste momento e você acredita poder “disparar” nas projeções em breve, como aconteceu com Embiid e LaVine?

Gustavo Lima: Tyler Ennis. O armador de Syracuse é mais um da ótima geração canadense e já está subindo em algumas projeções. Ele comanda um dos melhores times do país e seu estilo de jogo é parecido com o de Tony Parker. Tem potencial para ser escolha de loteria.

Ricardo Stabolito Jr.: Tyler Ennis. O armador está comandando um dos melhores programas do basquete universitário (Syracuse) já em sua temporada de calouro e possui considerável experiência internacional com as seleções canadenses de base. Eu não sei se há mais do que dois freshmen jogando melhor do que ele neste momento.

Zeca Oliveira: Jahii Carson. Sua melhora desde a última temporada me lembra muito Trey Burke entre 2012 e 2013. Ele sempre foi um grande pontuador, mas, agora, melhorou sua seleção de arremessos, liderança e passou a jogar mais em situações de pick and roll. O tamanho é, hoje, seu único grande ponto fraco como prospecto.

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Mock Draft Jumper Brasil 2.0

Ainda é cedo para uma previsão de quem serão as primeiras escolhas do draft de 2014? Muito. Não temos as ordens de escolha, os jogadores só fizeram algumas partidas e não sabemos quais nomes estarão em evidência na reta final da temporada universitária. Mas por que não fazer? Aqui está uma lista, que será atualizada mensalmente, de quem seriam as dez primeiras escolhas do recrutamento para cada um de nossos analistas:

Pos.

Ricardo Stabolito Jr.

Gustavo Lima

Zeca Oliveira

1

Andrew Wiggins

Jabari Parker

Andrew Wiggins

2

Jabari Parker

Andrew Wiggins

Jabari Parker

3

Julius Randle

Joel Embiid

Joel Embiid

4

Joel Embiid

Julius Randle

Julius Randle

5

Marcus Smart

Marcus Smart

Dante Exum

6

Dante Exum

Dante Exum

Marcus Smart

7

Aaron Gordon

Aaron Gordon

Noah Vonleh

8

Noah Vonleh

Gary Harris

Aaron Gordon

9

Gary Harris

Rodney Hood

Zach LaVine

10

James Young

Noah Vonleh

James Young

 

Tank Ranking

Todo draft atrai o interesse dos times da NBA. De uns mais, de outros menos. Mas, em alguma escala, de todos. E há equipes que entram na temporada já olhando lá para frente. Você tem o Power Ranking para definir quem são os melhores. E o Tank Ranking para ver quem joga (mal) 2013 pensando no que pode conseguir em 2014. Aqui estão as cinco equipes mais bem cotadas no momento por nossos analistas para ficar com a primeira escolha do próximo recrutamento.

Pos.

Ricardo Stabolito Jr.

Gustavo Lima

Zeca Oliveira

1

Milwaukee Bucks

Milwaukee Bucks

Milwaukee Bucks

2

Philadelphia 76ers

Philadelphia 76ers

Philadelphia 76ers

3

Utah Jazz

Utah Jazz

Utah Jazz

4

Sacramento Kings

Orlando Magic

Orlando Magic

5

Orlando Magic

Sacramento Kings

Los Angeles Lakers

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