Chaveamento: mais importante do que nunca

Ricardo Romanelli comenta sobre a proximidade dos playoffs

Fonte: Ricardo Romanelli comenta sobre a proximidade dos playoffs

É chover no molhado dizer que, num sistema de mata-mata, todos os times querem garantir os melhores cruzamentos possíveis. No entanto, essa máxima parece ser mais importante do que nunca nos playoffs deste ano na NBA.

No Leste, após a lesão de Victor Oladipo e todos os movimentos da trade deadline, convencionou-se listar Milwaukee Bucks, Toronto Raptors, Boston Celtics e Philadelphia 76ers como “os 4 grandes”, as equipes onde haveria muito pouca diferença entre si e, a partir do segundo round, qualquer um deles poderia chegar na Final da NBA.

Apesar disso, o Sixers não parece muito contente com a atual situação. Com o Indiana Pacers se recusando a diminuir o ritmo sem Oladipo e mantendo o terceiro lugar na conferência, atualmente a equipe da Philadelphia ocupa o quarto lugar, e isso lhe colocaria em confronto com o Boston Celtics já no primeiro round. Se há discussão sobre se Sixers ou Celtics seriam páreo para os líderes Bucks e Raptors, com certeza não há debate sobre quem é o favorito numa série entre eles. O Celtics tem dominado os confrontos diretos contra o Sixers, incluindo os playoffs do ano passado, onde a desfalcada equipe de Boston bateu o rival com facilidade, em apenas cinco jogos.

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Em partida recente, Al Horford mostrou mais uma vez porque é o pesadelo do matchup ao dominar Joel Embiid nos dois lados da quadra, e deixar evidente que o Sixers ainda não tem respostas para um pivô como ele. Para ajudar, o astro do Sixers está lesionado e deve perder mais alguns jogos, prejudicando ainda mais a luta para tirar o terceiro lugar do Pacers. Caso a equipe alcance este objetivo e o Celtics permaneça na quinta colocação, só enfrentaria o rival de Boston caso ambos chegassem até a final da conferência, onde provavelmente enfrentariam Bucks e Raptors pelo caminho. A jogada do Sixers, portanto, seria empurrar o Celtics para outro rival eliminar pelo caminho, e chegar até a final da conferência contra um oponente que seu jogo case melhor.

O próprio Pacers, permanecendo em terceiro, provavelmente enfrentaria o Brooklyn Nets, numa série que teria potencial para ser a melhor da rodada de abertura dos playoffs. Dois times extremamente bem treinados, jovens e coletivos. O Pacers mais focado na defesa, e o Nets com maior poderio ofensivo. A NBA merece um confronto assim.

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No topo, Bucks e Raptors também têm pretensões quanto a esta briga do terceiro ao quinto lugar. Caso o Pacers se mantenha em terceiro, o vencedor de sua série enfrenta o vencedor da série do segundo colocado, atualmente o Raptors, com o sétimo. É um adversário, em tese, mais fraco que se Celtics ou Sixers subirem para o terceiro lugar, e por isso o Raptors torce pela manutenção do Pacers na corrida. Já o Bucks, pelos mesmos motivos, torce para o Pacers cair para o quarto lugar e dar uma série dura a Celtics ou Sixers como quinto colocado, que lhe encontraria no segundo round. É necessário dizer, ainda, que mantendo o atual ritmo, que lhe garante mando de quadra, a bem treinada equipe do Pacers, com sua forte defesa, é candidatíssima a estragar a planejada festa dos “4 grandes” no segundo round do Leste, eliminando um deles ou forçando um confronto entre eles já no primeiro round.

Com o Brooklyn Nets parecendo firme em busca da sexta vaga, as duas últimas posições devem ser disputadas por Detroit Pistons, Charlotte Hornets, Orlando Magic e Miami Heat. Nenhum deles deve oferecer muita resistência a Bucks e Raptors, que também caminham tranquilos para as duas primeiras vagas, então não há controvérsia aqui.

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Do outro lado dos EUA, a conferência Oeste pega fogo, como previsto. A briga por mando de quadra é a mais empolgante no momento, com Oklahoma City Thunder, Portland Trail Blazers, Houston Rockets e Utah Jazz prometendo fortes emoções na disputa do terceiro e do quarto lugar, que garante o direito de disputar mais jogos em casa já na rodada de abertura. É bastante provável que, independente de quem se classifique antes, estas quatro equipes sejam as classificadas do terceiro ao sexto lugar, e portanto devem jogar entre si.

É difícil escolher adversário entre times tão parelhos, mas é de se imaginar que todos os times prefiram ficar no lado da chave que não tem o Golden State Warriors, provável primeiro colocado, pelo caminho. Para isso, o confronto entre terceiro e sexto colocado é a posição mais desejável. Ali, o time vencedor enfrentaria o vencedor do confronto entre o segundo colocado, que hoje é o Denver Nuggets, e o sétimo. O Nuggets é um time sem experiência em playoffs que, de maneira justa ou não, vem sendo visto como adversário em tese mais fácil por times com maior experiência no mata-mata. Já a sétima vaga está em disputa por San Antonio Spurs, Los Angeles Clippers, Sacramento Kings, Los Angeles Lakers e Minnesota Timberwolves. Ao que parece, as duas últimas vagas serão ocupadas por dois destes times, e é seguro dizer que os dois primeiros devem preferir que não seja o Lakers de LeBron James e nem o Spurs.

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Por mais disfuncional que a temporada do Lakers tenha sido, ninguém quer enfrentar LeBron nos playoffs, e o veterano time do Spurs, comandado por Gregg Popovich, sempre é um matchup mais difícil do que os times favoritos gostariam de enfrentar no primeiro round. O próprio Nuggets olha para esta situação com ansiedade, torcendo para enfrentar um time menos experiente no torneio eliminatório, como Clippers e Kings.

O líder Warriors olha para o primeiro round com tranquilidade, mas torce para que a segunda rodada lhe traga um confronto favorável. Portland Trail Blazers e Utah Jazz, por exemplo, seriam em tese adversários com estilo mais fácil para o time de Steve Kerr, inclusive tendo sido eliminados pela equipe nas últimas edições de playoffs. O Houston Rockets levou o atual campeão a sete jogos na final do Oeste no ano passado, e a defesa de elite do Thunder já ganhou uma partida da equipe de Oakland nesta temporada, segurando o potente ataque abaixo de 100 pontos. Para o Warriors, o cenário perfeito seria que Thunder e Rockets se enfrentassem antes, tendo que lidar com apenas um deles na final da conferência. Caso ambos não se cruzem, inclusive, o Warriors corre o risco de enfrentar um deles no segundo round e outro na final do Oeste, tornando o caminho para sua quinta final seguida muito mais trabalhoso.

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É claro que as especulações aqui contidas levam em conta apenas os favoritos hipotéticos em cada confronto e matchups e encaixes mais ou menos favoráveis para cada um, e as previsões estão longe de ser absolutas. Mas é justamente isso que faz os playoffs da NBA serem tão empolgantes. Com um cenário de disputa aberta para as vagas nos rounds decisivos do torneio, os pouco mais de vinte jogos que as equipes ainda têm nesta temporada ganham ar de maior importância que o usual, com a definição do chaveamento sendo um fator decisivo para o andamento dos playoffs deste ano. Este final de temporada promete muitas emoções.

Por Ricardo Romanelli

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