Como Kentucky ajuda a preparar seus guards para a NBA

Influência de John Calipari no sucesso de seus prospectos é muito maior do que lhe dão crédito

Fonte: Influência de John Calipari no sucesso de seus prospectos é muito maior do que lhe dão crédito

O sucesso dos chamados combo guards vindos da Universidade de Kentucky tem ganhado destaque em meio às performances eletrizantes de jovens como Devin Booker (Suns), Jamal Murray (Nuggets) e Tyler Herro (Heat), na ‘bolha’ montada pela NBA, no complexo da Disney.

Embora a primeira tendência seja atribuírmos a tradução do bom desempenho dos prospectos de Kentucky para a NBA ao sucesso do programa no recrutamento dos melhores talentos do high school, um denominador comum na forma com que o treinador John Calipari utiliza seus combo guards e alas-armadores indica que sua influência no histórico positivo de seus comandados é muito maior do que lhe dão crédito.

Diferente das universidades que ‘oferecem a bola para que o prospecto 5 estrelas faça dela o que quiser’ como estratégia para atrai-lo ao programa, Calipari tem como prioridade ensinar esses garotos badalados a serem efetivos dividindo a quadra com outros talentos.

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Para tanto, seus guards e alas são invariavelmente colocados em papéis nos quais precisam aprender a se movimentar sem a bola.

Faz todo sentido, certo? Os chamados one and done chegam tecnicamente muito próximos de poderem dar o salto imediato para a NBA e dificilmente irão evoluir significativamente nos aspectos individuais nos pouco mais de 30 jogos que atuarão por suas universidades.

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É preciso, portanto, ajuda-los a maximizar seus conjuntos de habilidades em um contexto coletivo. Sobretudo se considerarmos o fato de que a grande maioria desses garotos tiveram a bola a todo momento em suas trajetórias no high school.

Tanto Booker como Herro, por exemplo, tiveram mais de 60% de suas tentativas de arremesso concentradas em situações de catch and shoot e poucas oportunidades para colocar a bola no chão a fim de criar para si e para os companheiros (Booker teve média de 1.1 assistência; Herro teve 2.5).

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Murray, por sua vez, atuou como um cestinha puro, atuando ao lado do armador Tyler Ulis, mostrando muito pouco das habilidades que hoje fazem dele um legítimo playmaker na NBA (2.2 assistências em Kentucky).

Embora esses papéis limitados tenham ‘machucado’ o status desses prospectos em seus respectivos drafts, sobretudo nos casos de Booker e Herro, ambos escolhidos na 13ª posição de suas classes, eles foram fundamentais para prepara-los para seus sucessos na NBA, independente da situação para a qual fossem selecionados. O cenário não se repete com jogadores que, sendo ‘os caras’, tinham a bola a todo momento no College, e, ao chegarem na NBA, precisaram aprender do zero maneiras de afetar o jogo sem a bola.

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Quem observa Booker como o go-to-guy do Suns nas últimas temporadas, se esquece de que ele se estabeleceu na liga a partir de um ano de estreia no qual 53.3% de suas tentativas de arremesso foram antecedidas por no máximo um drible (em 39.5% delas nem sequer colocou a bola no chão).

O mesmo acontece com aqueles que observam um Herro que mostra flashes de go-to-guy nos playoffs de sua temporada de estreia, mal se lembram que 45% de seu volume ofensivo em 19-20 se alternou em handoffs, spot ups, cortes sem a bola ou arremessos antecedidos por corridas em torno de screens.

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Quanto a Murray, bom, não é preciso olhar com muito detalhe para ver o quão bem ele usa sua movimentação fora da bola para fazer cortes backdoor e se desmarcar para C&S’s no jogo de dupla com Jokic.

Em suma, Kentucky recebe guards talentosos com a bola nas mãos e os prepara para se tornarem jogadores de basquete completos, algo raro em um tempo de doses cavalares de step backs, dribles sofisticados e muito ‘assistir o jogo’ quando sem a laranja nas mãos.

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O próximo a dar sequência à essa linhagem de guards ‘completos’ é Tyrese Maxey – jovem que após uma temporada dividindo a bola com Ashton Hagans e Immanuel Quickley em seu único ano na NCAA, deverá ‘chocar’ scouts com sua habilidade de comandar sua equipe a partir da posição 1 ao mesmo tempo que alterna momentos como um guard secundário com tremendos instintos em seus cortes fora da bola e a pressão constante no aro que coloca saindo de ‘curvas’ em corta-luzes.

A ‘dinastia Calipari’ continua. Resta saber até quando os scouts seguirão desatentos o suficiente para não perceberem.

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