Draft Talk – Doug McDermott

Analistas do site e convidados traçam um panorama sobre o ala da Universidade Creighton

Fonte: Analistas do site e convidados traçam um panorama sobre o ala da Universidade Creighton

“Draft Talk” é uma coluna quinzenal em que integrantes do site e convidados discutem com maior aprofundamento um dos prospectos do próximo recrutamento. Ricardo Stabolito Jr. e Zeca Oliveira (blog Go-To Guy Brasil) fazem uma conversa por e-mail no decorrer da semana anterior à postagem, enquanto Gustavo Lima, Kaio Kleinhans e um convidado participam de um mini “Jumper Brasil Discute” especial sobre o jogador. Zeca, Ricardo e Gustavo ainda atualizam seus TOPs 10 do recrutamento.

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Primeira edição – Marcus Smart

 

A segunda edição do “Draft Talk” vai abordar o ala Doug McDermott, da Universidade de Creighton. Antes de iniciarmos o post, como sempre, segue uma pequena ficha técnica do atleta – que tem tudo para ser uma das 15 primeiras escolhas do próximo draft:

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NCAA Basketball: Providence at CreightonDoug McDermott
Posição:
Ala
Idade: 22 anos
Time: Creighton
Altura: 2.03m (6’8’’)
Médias: 33.7 minutos, 26.7 pontos, 7.0 rebotes, 1.6 assistências, 1.8 erros de ataque e 44.9% de aproveitamento nos arremessos de três pontos


Ricardo – Oi, Zeca. Tudo bem? Obrigado por mais essa parceria e lá vamos nós, amadores, espalhando pistas dos nossos erros de julgamento para o pessoal poder cobrar depois. Somos os inocentes, como diria Compadre Washington. Pelo menos, tenho a impressão que o seu bracket do Torneio da NCAA foi melhor do que o meu, certo? Não é um grande feito, mas serve de consolo… acho.

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Zeca – Tudo certo, Ricardo. Fui até que bem no bracket, mas meu campeão foi para casa muito cedo. Poucas pessoas cravaram Kentucky e Connecticut no Final Four – e eu não fui uma delas. Mas acho que estamos aqui pra falar do meu jogador do país. E não me refiro a Shabazz Napier.

Ricardo – É isso mesmo. Hoje é dia de Doug McDermott, bebê! Quinto maior pontuador da história da NCAA, primeiro jogador a ser escolhido para um dos times All-American por três anos desde 1985 e o cara que o narrador do BandSports acredita só fazer sucesso porque joga sob o comando do pai. Com tudo que aconteceu no Torneio e aproveitando seu comentário, havia alguma chance do McDermott não levar o prêmio Wooden para casa, Zeca?

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Zeca – Chance zero. Seja só por esta temporada, seja pelo conjunto da obra e consequente necessidade de dar-lhe algum prêmio relevante, parecia óbvio que McBuckets iria levar o Wooden. Ah, e o coitado do pai é quem realmente vai sofrer com a ausência do filho no elenco, não o contrário.

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Ricardo – Creighton foi horroroso de se assistir nesta temporada. Já era “samba de uma nota só” com McDermott, imagina sem agora. Enfim, problema do “papai”. Sobre o filho, eu espero que tenha aproveitado esses quatro anos de rei na universidade, entrado em “altas aventuras com uma turminha do barulho”, porque tenho a ligeira impressão que foi o melhor período de sua vida. Quer dizer, se ele for a mesma coisa de Creighton na NBA, o que vai ser? Um Dirk Nowitzki mais baixo e móvel? Não vai rolar, Doug. Ou vai, Zeca? Aceito apostas contrárias envolvendo dinheiro.

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Mock Draft - Zeca Oliveira 2.0Zeca – Se você disser que o melhor cenário possível da sua carreira é tornar-se um Dirk menor e piorado, eu até concordo. Já para alcançar esse status é outra história, bem improvável. Mas acho que, tendo conhecimento do histórico recente de atletas similares, McDermott está bem consciente de que vai passar de um universitário superdominante para um profissional que terá muito trabalho se quiser ganhar espaço em uma rotação na NBA. E não é apenas seu “domínio” que será muito menor, como também o papel dentro da equipe. Quando o jovem sai do colegial para a NCAA, ele enfrenta a transição mais complicada da sua carreira em termos de nível dos adversários. Isso não será mais um choque na NBA, mas ele precisa se encontrar lá dentro primeiro… Ou seja, essa aposta eu passo.

Ricardo – Uma pena, porque eu estava precisando de uma grana extra. O problema do papel no time é uma questão subestimada quando falamos em prospectos. Muitos tropeçam nisso. Não é fácil para alguém de 21 anos que atua 35 minutos e arremessa 22 vezes por partida ajustar seu estilo de jogo e tomada de decisões para ser um role player de 15 minutos e uns sete chutes por jogo. Não ter mais a liberdade para criar e passe livre para errar, sabe? O aspecto positivo para McDermott neste sentido é que ele não joga com a bola nas mãos e já chega com a mentalidade de trabalhar para conseguir um arremesso, não ficar esperando a bola ou espaços. Este é o tipo de dinamismo que os técnicos esperam dele – e o que muitos cestinhas universitários (Jimmer Fredette, MarShon Brooks) ficam devendo na NBA.

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Zeca – Você falou bem. Ele vai ter aquela pressão: seus chutes precisam estar caindo para continuar em quadra. É isso o que acontece quando você é um defensor limitado e não é um superstar no ataque a ponto de compensar este problema. Falando nisso, Ricardo, eu fico imaginando aqui se é possível para a franquia que pegar McDermott minimizar suas limitações defensivas. Hoje em dia, nós cansamos de ver sistemas complexos que conseguem tirar um pouco da pressão da defesa individual – o próprio Mavericks foi campeão da NBA “escondendo” alguns jogadores limitados na marcação. Pensando assim, será que podemos ficar um pouco menos preocupados com as questões defensivas de Doug ou vai depender muito do time que pegá-lo?

Mock Draft - Ricardo Stabolito 2.0Ricardo – É a minha impressão, Zeca. Você foi no ponto: hoje, “esconder” atletas na defesa é uma prática relativamente comum na NBA atual. A questão é que certas equipes e treinadores sabem fazer isso melhor do que outros – afinal, alguns têm Rick Carlisle no comando e outros sobrevivem com um Tyrone Corbin da vida. Então, invariavelmente, você acaba na história do “cair no time ideal” – que possa maximizar suas qualidades e minimizar os defeitos que todos conhecemos. Minha dúvida é algo que já conversamos anteriormente: McDermott pode atuar como um ala-pivô aberto, o tal do stretch four? Seu perfil e estilo de jogo em Creighton não me soavam muito assim, os recursos físico-atléticos certamente não são os ideais, mas esta parece ser a forma mais fácil de “esconder” alguém como ele na defesa. Você acha que a adaptação é possível?

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Zeca – Não é como se existisse uma situação ideal para ele na NBA, então tê-lo sofrendo para marcar jogadores da posição quatro pode ser bom se compararmos com atletas de perímetro batendo-o facilmente. O basquete universitário adotou a regra do hand check nesta temporada e McDermott penou muito para manter-se na frente de atletas mais rápidos, então acho que vale a tentativa de adaptá-lo ao garrafão. Lá, ele pode ser útil espaçando a quadra no ataque, usando sua mobilidade e leitura na defesa para cavar faltas de ataque, entre outras coisas que fariam sua presença ser sentida – e que, no perímetro, não seriam possíveis.

Ricardo – E também não é como se ele só tivesse o arremesso de longa distância. Ninguém é apelidado de “McBuckets” sem um arsenal ofensivo um pouco mais variado. O cara mostrou capacidade de bater bola e atacar a cesta, converteu uns floaters, finalizava com leveza perto do aro em Creighton. Ele sabe pontuar no garrafão. O problema é descobrir o que do seu jogo funciona contra Nebraska ou Villanova e o que funcionará contra Heat e Spurs. Muito disso não deve se traduzir bem diante de oponentes mais fortes e atléticos, mas é melhor saber fazer do que não. Como você vê a transição dos outros recursos ofensivos do McDermott, Zeca?

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Zeca – Nesta temporada, ele trabalhou muito jogando de costas para a cesta e acho que este é um recurso que pode usar bastante entre os profissionais. Claro que, na NBA, não vai ter muita vantagem de altura e pode até parar de lembrar o Nowitzki em alguns movimentos (vídeo abaixo), mas Arron Afflalo também não é o maior atleta do mundo e pode passar o dia inteiro jogando no post up. Já quando estiver de frente para a defesa, muito de seu jogo não deve se traduzir: consigo vê-lo atacando alguns close outs mais agressivos – que irão acontecer pelo respeito ao seu chute de longe – e até usando fintas para criar infiltrações, mas não muito além disso.

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Ricardo – Zeca, se tivesse uma linha embaixo da sua última resposta, eu assinava. E só não tiro seu nome de lá e coloco o meu porque sempre respeito citações ao Arron Afflalo. Mas, voltando ao assunto, por isso que é muito importante saber arremessar: McDermott ainda vai conseguir atacar a cesta vez ou outra, por mais que não pareça possível, simplesmente porque qualquer adversário precisa respeitar seu chute. Entre tirar seu arremesso ou a infiltração, eu acho que todos vão preferir vê-lo buscar seus pontos no garrafão e encarar alguns pivôs mais fortes, protetores de aro de ofício.

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Outro dia, eu vi o Wally Szczerbiak dizendo que McDermott tem várias semelhanças com ele. Acho que a comparação funciona melhor na essência (alas técnicos que não tendem a se impor por suas claras limitações atléticas) do que se destrincharmos seus jogos. Quero perguntar se você concorda com isso, mas, antes, acho que a pergunta é: você lembra do Szczerbiak?

Zeca – Eu lembro mais do fim da carreira do Szczerbiak, principalmente daquele tempo em que jogou com LeBron no Cavaliers. E concordo com você: acho que, se você faz uma análise bem por cima, dá pra deixar passar facilmente uma comparação entre Doug e Wally’s World. Ele também era um grande arremessador, inteligente, mas que não defendia ou criava o próprio arremesso melhor do que a média – características que nós esperamos ver em McDermott assim que ele entrar para a liga. No entanto, se a gente for analisar um pouco mais a fundo, certamente é possível achar uma comparação ainda melhor para o ala de Creighton.

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Mock Draft - Gustavo Lima 2.0Ricardo – Dá para buscar uma comparação melhor mesmo: Szczerbiak tinha melhor jogo de midrange quando jovem (estou ficando velho), McDermott é melhor de costas para a cesta. Além disso, Wally não é a comparação que traz pageviews para o site e ninguém quer escolher alguém como ele na loteria. Preciso de algo mais bombástico. Zeca, quero agradecer novamente a participação no post, pela simpática citação ao Arron Afflalo e vou deixar uma enquete para o pessoal selecionar quem vai ser o próximo “alvo” nosso – dentre opções estrategicamente escolhidas por nós. Mas, para não responder só um “valeu, até a próxima”, uma última coisa: afinal, você escolheria o McDermott na loteria? Eu não faria isso. Acho que seria ruim para todos. Ele precisa cair em um time mais montado, ser uma peça, e encararia pressão demais para ser mais do que isso.

Zeca – Depende. O Grizzlies vai ou não aos playoffs? [foi] É a franquia que mais deveria estar interessado em McDermott. Mas, sério, acho que eu passaria ele na loteria. Ultimamente, têm sido raros os seniors que são pegos nas primeiras escolhas do draft – e, mesmo que tivesse que selecionar algum nas 14 primeiras escolhas, eu iria preferir Adreian Payne. Ah, e gostei da ideia de deixar o pessoal escolher o próximo assunto da coluna. Estou quase arrependido de ter te chamado de ditador. O passo seguinte é parar de reprimir os comentários que falam mal do Jumper, mas pelo menos já temos um avanço aqui. Um abraço, Ricardo. Até a próxima!

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Direito de resposta: Eu não reprimo comentários negativos do Jumper. Eu reprimo os comentários do Zeca sobre o Jumper, que, por um acaso do destino, sempre são negativos.

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Mini Jumper Brasil Discute – Doug McDermott

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Nosso convidado especial desta edição é Vitor Camargo, do blog Two Minute Warning. Então, lá vamos nós:

1. Os melhores dias da carreira de McDermott estão ficando no basquete universitário?

Gustavo Lima: Sim. McDermott foi um monstro na NCAA, mas acredito que não será uma estrela na NBA. Aliás, acho que tem potencial para ser um bom reserva na liga. Ele se encaixaria bem em um time que tem carência de arremessadores.

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Kaio Kleinhans: Sim. Isso não quer dizer que McDermott vá ser um fracasso na NBA. Muito pelo contrário, até aposto que terá uma carreira sólida pra ele. Mas ser esse cara de impacto na liga como foi no nível universitário, eu não acredito.

Vitor Camargo: Depende do ponto de vista. Em termos de produção, ele certamente nunca terá o impacto histórico que teve na NCAA entre os profissionais – então, neste caso, sim. Mas, em termos de carreira, McDermott tem tudo para durar muitos anos na NBA como um jogador de impacto – então não.

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2. Verdadeiro ou falso: na pior das hipóteses, McDermott será um especialista em arremessos saindo do banco de reservas.

Gustavo Lima: Verdadeiro. McDermott não tem a condição atlética e/ou força física para se dar bem na NBA, mas é um excelente arremessador de média e longa distância. Como afirmei na resposta anterior, ele tem tudo para ser uma boa arma ofensiva vinda do banco de reservas.

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Kaio Kleinhans: Verdadeiro. Para mim, é impossível pensar em McDermott e não vir à cabeça a imagem de Ryan Anderson: são dois especialistas em arremessos com deficiências na defesa e algum problema para jogar em suas posições ideias na NBA. Acredito que ele pode, sim, ser uma espécie de sexto homem na liga, ajudando sua equipe com a pontaria certeira.

Vitor Camargo: Verdadeiro. E torna-se ainda mais importante por McDermott poder jogar em uma posição em que os arremessos de fora são de extrema importância (PF). Mesmo que o resto do seu jogo nunca se traduza na NBA, isso já garante-lhe uma longa carreira na liga. De qualquer forma, eu duvido que fique só nisso.

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3. Sabendo da idade e características de McDermott, você usaria uma escolha de loteria deste draft para selecioná-lo?

Gustavo Lima: Não. Escolher um senior na loteria só vale a pena se o cara for um jogador fora de série. E McDermott será apenas um grande arremessador. Entre as primeiras 14 escolhas, aposta-se no talento que ainda vai desabrochar, no atleta que possui o chamado upside. Ele não se encaixa no perfil.

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Kaio Kleinhans: Sim. Uma escolha de fim de loteria parece bastante justa pra ele – e até não me espantaria se saísse em uma oitava posição, por exemplo. Se eu tivesse uma escolha TOP 14 nas mãos, usaria em McDermott. É um jogador que pode vir a ser muito útil para um time que pensa em vencer.

Vitor Camargo: Sim. Por talento, eu escolheria McDermott no TOP 14. Ele traz uma das qualidades mais valiosas da NBA atual (arremesso na posição de ala-pivô) e, embora o restante de seu jogo não esteja tão desenvolvido, tem grande inteligência para adaptar-se. Acho que ele é um dos 14 melhores jogadores deste draft.

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