Dwyane Wade foi recrutado para reforçar o Cleveland Cavaliers, entre diversos motivos, com a promessa de ser titular. A presença do craque no quinteto inicial, porém, durou muito pouco tempo: ele foi para o banco após apenas três partidas da temporada, onde acabou tornando-se um dos destaques da equipe. Mas como foi convencer um dos grandes ídolos em atividade da liga a aceitar a reserva? A resposta é mais simples do que você imagina: não foi preciso convencê-lo.
“Eu soube que precisaria ser reserva no primeiro jogo que disputei pelo Cavs. Notei que, para ser bem-sucedido e trazer o melhor que podia para esse time, o quinteto titular simplesmente não era a minha unidade. Não sou o cara que ficará no corner esperando a bola para arremessar de três pontos. Eu preciso de ritmo para ‘entrar no jogo’, dependo disso. Então, resolvi pedir para ser remanejado”, explicou o ala-armador, em entrevista ao site USA Today Sports.
Wade está a um mês de completar 36 anos de idade, mas aceitar ser reserva é um golpe para o ego de qualquer astro do esporte. Ele admite que precisou ser frio e colocar as emoções de lado para tomar a decisão. “Há momentos em que é preciso se olhar no espelho. Mesmo com meu orgulho dizendo que sou um titular, eu não mostraria meu melhor só pelo status de estar lá. Tive que pensar no que poderia deixar-me mais feliz e realizado jogando”, contou.
E a decisão terminou não sendo só o melhor para o veterano. Sua passagem para o banco de reservas foi o primeiro passo para que a rotação do treinador Tyronn Lue acertasse a rotação da franquia e, pela primeira vez, tivesse formações sem LeBron mantendo o time produtivo. Os quintetos com o experiente ala-armador registram um saldo positivo de quase oito pontos por 100 posses de bola – o terceiro melhor índice do elenco de Cleveland atualmente.
“Nós temos um astro, um futuro integrante do Hall da Fama, que está disposto a sair do banco. Esse foi o primeiro passo para podermos entender quais atletas se encaixavam melhor juntos e construirmos uma formação reserva forte – que tem sido realmente ótima na temporada. Hoje, ela tornou-se a unidade de Dwyane: é ele quem tem a bola nas mãos e comanda as ações”, elogiou Lue, que voltou a escalar J.R. Smith como titular desde então.
Wade acumula médias de 11.5 pontos, 3.6 rebotes e 4.0 assistências em 27 jogos disputados na atual temporada – incluindo 36.4% de conversão nos arremessos de longa distância, melhor índice (de longe) em 15 anos de carreira na NBA. O craque também é apontado como um dos favoritos atuais ao prêmio de melhor reserva da liga. Um troféu que pode parecer “pequeno” para um tricampeão e MVP das finais, mas o próprio jogador diz representar algo importante.
“O Erik [Spoelstra, treinador do Miami Heat] sempre nos perguntava se éramos capazes de reinventarmo-nos. É isso o que estou tentando fazer aqui. Meu estilo de jogo não mudou, mas eu sempre tentei encaixar minhas habilidades dentro do time e daquilo que ele necessitava. Então, acho que a resposta é sim: posso reinventar-me”, concluiu o futuro integrante do Hall da Fama, superando mais um desafio na carreira.
