“É fácil para um astro dizer para não jogarmos”, dispara Ed Davis

Para pivô do Jazz, retomada da temporada traria condições para atletas realizarem ações sociais muito mais eficazes do que “boicote”

Fonte: Para pivô do Jazz, retomada da temporada traria condições para atletas realizarem ações sociais muito mais eficazes do que “boicote”

Mais de 80 atletas da NBA estiveram reunidos, na última sexta-feira, para discutir se concordavam com o plano de retomada da temporada, em Orlando. A pauta do encontro incluía, em especial, o temor de que o retorno dos jogos possa dispersar as atenções dos movimentos antirracismo nos EUA. No entanto, para o pivô Ed Davis, o melhor instrumento de combate a esse problema é a volta do torneio.

“Recebo US$5 milhões por temporada e, com cortes, perdi US$15 mil por semana. Essas centenas de milhares de dólares gerariam riqueza e é isso que realmente vai ajudar a comunidade negra. Vi Stephen Jackson dizer que não podemos jogar, pois vai ser uma distração. Será mesmo, mas faremos dinheiro e vamos reverter bilhões para nosso povo”, disse o atleta do Utah Jazz, em entrevista ao site HoopsHype.

Apesar de ser contrário a postura de parte dos colegas de profissão, Davis mostrou seu incondicional suporte ao movimento “Black Lives Matter” na teoria e na prática. “Quando estava em Portland, eu e Moe Harkless percorríamos cidades do interior pedindo a reforma da polícia. Reunimos crianças negras e a polícia, tentando ajudar a encontrar um ponto comum e respeito uns pelos outros”, explicou o veterano.

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Na verdade, por sua experiência, o jogador oferece uma perspectiva diferente diante da contraposição entre os movimentos antirracistas e o retorno da NBA. Ele acredita que a categoria dos atletas, unida, pode ser capaz de aliar as duas causas: usar esse convívio inédito de 22 franquias por tanto tempo em um mesmo local para promover o ímpeto competitivo e facilitar a luta pelas causas sociais. 

“Essa vai ser a única vez que reuniremos 22 equipes por sete semanas para realmente sentar e fazer algumas ações muito legais. Há coisas ótimas que podemos realizar pelo mundo, todos promovendo isso juntos – atletas, NBA e as organizações. Eu quero lutar contra a brutalidade policial. É minha causa, em que quero concentrar-me. Espero que, quando cheguemos em Orlando, façamos isso juntos”, explicou o reserva de Utah. 

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Especula-se que, se a temporada da NBA não for retomada, a liga perderá mais de US$1 bilhão em receitas e os salários de jogadores – tanto atuais, quanto futuros – serão impactados. Diante desse cenário, Davis questiona a posição de alguns dos líderes do movimento contrário que possuem uma realidade financeira muito mais confortável do que a maioria dos atletas sob contrato.

“É muito fácil para um cara como Kyrie Irving dizer que doaria tudo o que tem por uma reforma social, mas será que ele realmente faria isso? É fácil para um Dwight Howard falar que não precisamos jogar, enquanto está em uma mansão de US$20 milhões em Atlanta. É bem fácil para os astros dizerem o que sentem, mas outros jogadores de elencos precisam do dinheiro para cuidar de suas famílias”, disparou.

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Por ora, independentemente de prós e contras, o retorno da NBA segue confirmado para 30 de julho com apenas 22 das 30 equipes da liga em ação. E Davis garante que o Jazz estará em Orlando para competir. “Estou 99.9% convicto de que vamos terminar a temporada. Sei que há jogadores do nosso elenco com preocupações, mas, em nossas conversas, todos estão prontos para jogar”, assegurou o pivô.

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