Está feio porque todos querem perder

Já vi muita gente dizendo que esta é a pior temporada dos últimos anos da NBA. Não vou dizer que é ou deixa de ser, mas em uma coisa eu concordo: ela não é a mais bonita de todos os tempos. Com diversos jogadores de altíssimo nível chegando do basquete universitário, a ordem de alguns […]

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Já vi muita gente dizendo que esta é a pior temporada dos últimos anos da NBA. Não vou dizer que é ou deixa de ser, mas em uma coisa eu concordo: ela não é a mais bonita de todos os tempos.

Com diversos jogadores de altíssimo nível chegando do basquete universitário, a ordem de alguns dos times mais fortes da Liga é perder por querer. E tem equipe por aí que faz de tudo para conseguir e no fim, acaba vencendo. São aberrações de um ano de entressafra.

Veja o caso do Toronto Raptors, como um exemplo. Não que o time canadense fosse qualquer tipo de candidato ou algo parecido. Até daria para beliscar uma vaga nos playoffs na pouco concorrida conferência Leste. Porém, a nova direção fez de tudo para preparar um ano de tank.

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Trocou um de seus principais cestinhas por um bando de jogadores comuns e ainda deve negociar até o próximo mês a saída do armador Kyle Lowry. Tudo em nome de uma especulação, afinal não existem garantias concretas de que um atleta que faz sucesso na NCAA chegue em mesmo nível na NBA. De qualquer forma, o plano não está dando exatamente certo e o Raptors lidera a divisão do Atlântico, ainda que tenha uma campanha negativa.

O Chicago Bulls, que brigou nos últimos anos pelo título, hoje se prepara para o amanhã. Trocou o ala Luol Deng por escolhas no draft, além do pivô Andrew Bynum com o Cleveland Cavaliers. Abriu espaço em sua folha salarial, dispensou o pouco interessado Bynum e agora torce para perder. Mas seria mesmo necessário tudo isso?

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Antes de qualquer coisa, o Bulls jogou toda a temporada passada sem Derrick Rose e foi longe. Hoje, mesmo com toda a implosão sendo iniciada, já que dizem que Carlos Boozer será anistiado (de novo isso), a equipe de Illinois se classificaria para os playoffs. Por que não se dar ao luxo de pelo menos tentar vencer com o que tem? Isso me irrita.

Tem ainda o Memphis Grizzlies, mas aí existem explicações (meio) lógicas para não estar bem. Primeiro, volto em 2012-13, quando negociou Rudy Gay por restos mortais de Tayshaun Prince. Antes de mais nada, sempre vou criticar quem troca o seu principal cestinha, ainda mais por um jogador que não traz consigo nada além de experiência. Se vai trocar, que o faça por alguém de melhores condições técnicas e físicas. Posteriormente, optou por mudar o seu técnico por um novato, o que de cara já considero um erro para uma equipe consideravelmente boa.

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Então, veio o azar. Perder o melhor defensor do ano anterior por tanto tempo, como no caso de Marc Gasol, é algo que seria um golpe duríssimo para qualquer um. E aconteceu isso com o Grizzlies. Seu garrafão ficou mais penetrável e as vitórias ficaram escassas.

E o New Orleans Pelicans? Um time que mudou tudo, incluindo o nome, mas simplesmente ainda não aconteceu. Ficou sem alguns de seus melhores jogadores por várias lesões separadas. Quando tinha a chance de engrenar, teve a contusão de Ryan Anderson. Por favor, não estou chamando Anderson de astro, mas que ele é peça importantíssima para o sucesso do Pelicans, eu não tenho a menor dúvida. Como o Grizzlies, azar.

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Um caso diferente é o do Phoenix Suns, já bem detalhado pelo meu xará Gustavo Lima nas últimas semanas. O Suns cheirava tank, tinha gosto de tank, mas faz um ano brilhante dentro de suas condições e hoje é o sétimo no Oeste. E olha que pra se classificar por lá, tem que jogar basquete de verdade.

Aí olhamos para o Utah Jazz, um time simpático, com jogadores promissores, como fora o Minnesota Timberwolves, Portland Trail Blazers, e o Cleveland Cavaliers nos anos anteriores. Destes, apenas o Blazers faz jus ao eterno planejamento futuro e colhe frutos em 2013-14.

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Entretanto, o Jazz me agrada por diversos motivos. Tem um armador (Trey Burke) que pode vir a ser de elite nos anos que estão por vir, um garrafão interessante (Derrick Favors e Enes Kanter) se for bem ajustado, e dois atletas de grande qualidade em Gordon Hayward e Alec Burks. É uma mescla com alguns veteranos que estão jogando relativamente bem (Richard Jefferson e Marvin Williams) que me lembra o Denver Nuggets na era pré-Carmelo Anthony.

Existem alguns detalhes, porém. O elenco de apoio é melhor que o daquele Nuggets e o time não precisa se esforçar para perder em busca de talentos no draft, pois já é um dos piores da Liga. Não vence porque ainda não tem maturidade e todos os seus destaques estão no máximo na quarta temporada de suas carreiras.

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O que me intriga é ver que, diferente do Jazz, outras equipes estão pouco se importando com 2013-14. Não é só o fato de os times estarem perdendo por incompetência dentro de quadra, mas é do lado de fora que a coisa complica.

Ninguém está perdendo 100% por querer, até porque ficaria mais feio que está. Vejo algumas equipes perdendo por 15, 20 pontos de diferença em uma noite para na outra derrubar favoritos. Bulls e Raptors, estou falando de vocês.

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Isso chega a ser deprimente.

É legal apostar em Andrew Wiggins, Julius Randle, Jabari Parker, Marcus Smart, entre outros. O problema é que muitos estão lutando pelos mesmos jogadores em uma loteria. Isso mesmo, loteria.

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Como relatei anteriormente, não é possível garantir que um determinado jogador vá se ambientar na NBA da mesma forma que na faculdade. Exemplos claros temos da classe de 2013: Anthony Bennett e Shabazz Muhammad. Das dez primeiras escolhas, apenas dois são titulares em todas as partidas.

Falta mais do que preparar um time para uma temporada. Falta, na verdade, fazê-lo ter a vontade de vencer. E esta temporada parece que apenas uns cinco estão querendo ganhar. Não me surpreenderia em nada se o Miami Heat conseguisse um terceiro título seguido.

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