Revisão da Temporada – Brooklyn Nets

Em processo de reconstrução do elenco, time novaiorquino teve a pior campanha da temporada regular

Fonte: Em processo de reconstrução do elenco, time novaiorquino teve a pior campanha da temporada regular

Brooklyn Nets (20-62)

Temporada regular: 15º lugar da conferência Leste
MVP da campanha: Brook Lopez (20.5 pontos, 5.4 rebotes, 2.3 assistências e 1.7 toco)

Pontos positivos

– A chegada do treinador Kenny Atkinson. Auxiliar técnico de Mike D’Antoni por quatro temporadas no New York Knicks e de Mike Budenholzer por mais três anos no Atlanta Hawks, Atkinson chegou ao Nets com a missão de dar uma identidade a um time em processo de reconstrução e com pouquíssima qualidade no elenco. Ele deu oportunidades aos jovens Rondae Hollis-Jefferson, Caris LeVert e Isaiah Whitehead, além de jogadores com pouca rodagem na NBA como Sean Kilpatrick e Spencer Dinwiddie. Atkinson implantou uma filosofia de jogo baseada na velocidade, tanto que o Nets foi o líder em posses de bola por partida (101.3), à frente até de Golden State Warriors e Houston Rockets.

– A primeira temporada completa do gerente-geral Sean Marks, que assinou, em fevereiro de 2016, um contrato de quatro anos com a franquia. A reconstrução do Nets é um processo complicado por causa da famigerada troca feita com o Boston Celtics pelo GM anterior, Billy King. Marks começou a “arrumar a casa” ao adquirir as escolhas de draft que se tornaram o armador Isaiah Whitehead e o ala Caris LeVert. Além disso, ele trouxe um jogador mais rodado como o armador Jeremy Lin para exercer uma liderança no vestiário da equipe e adicionar qualidade técnica em quadra. Na trade deadline, Marks angariou uma valiosa escolha de primeira rodada do draft pelo contrato expirante do ala Bojan Bogdanovic. Nada mal.

– O desempenho animador do saudável pivô Brook Lopez, o que fez com que seu valor de troca aumentasse. Inevitavelmente, o Nets trocaria o seu jogador mais qualificado, dono do maior salário e que estava prestes a entrar no último ano de contrato. E foi o que aconteceu em junho deste ano, na noite do draft.

– O retorno em quadra dado pelo desconhecido Sean Kilpatrick, que perambulou por equipes da Liga de Desenvolvimento até ganhar uma chance real no Nets. O ala-armador disputou 70 jogos e foi o quarto cestinha do time na temporada. Detalhe: Kilpatrick tem um dos menores salários da equipe – ganhou menos do que US$1 milhão em 2016/17.

– Líder no ranking de rebotes defensivos em 2016/17, com uma média de 35.1 rebotes nesse lado da quadra por partida. Trevor Booker e Rondae Hollis-Jefferson foram importantes nesse aspecto do jogo.

Pontos negativos

– Quinta pior campanha da história da franquia em termos de aproveitamento de vitórias (24.4%).

– As seguidas lesões de Jeremy Lin. O armador chegou como principal reforço da equipe na offseason, mas disputou apenas 36 jogos na temporada regular. A campanha poderia ter sido melhor caso Lin tivesse atuado mais.

– Recorde negativo alcançado em fevereiro de 2017: nenhuma vitória em dez jogos disputados. Desde novembro de 2009, o Nets não passava em branco durante um mês inteiro.

– As apostas em jogadores que vinham em baixa na liga, como Anthony Bennett, Greivis Vásquez, Randy Foye e Luis Scola, não deram resultado em quadra, tanto que nenhum deles permanece no time para a temporada 2017/18. Pelo menos os contratos deles não sangraram a franquia.

– Terceiro pior time em eficiência ofensiva, com uma média de 104.1 pontos anotados por 100 posses de bola. No quesito eficiência defensiva, o Nets foi o oitavo pior da liga, com uma média de 11.07 pontos sofridos por 100 posses de bola.

– Segundo time que mais desperdiçou a bola em 2016/17, com uma média de 16.5 turnovers por partida.

Análise

Como esperado, o Nets voltou a ser um mero figurante. Depois do desastre de 2015/16, em que fez a segunda pior campanha da liga, em 2016/17 a equipe do Brooklyn ainda perdeu um jogo a mais do que na campanha anterior e terminou a temporada com o pior recorde entre os 30 times da NBA.

As chegadas de Kenny Atkinson e Sean Marks foram animadoras, mas obviamente os resultados não iriam aparecer de imediato. Um elenco ruim não se tornaria competitivo na primeira temporada de novo trabalho dessa nova dupla. As consequências da desastrosa troca feita com o Boston Celtics, em 2013, são sentidas até hoje pela franquia novaiorquina. Levantar uma equipe no fundo do poço (sem ativos, escolhas de draft ou diversidades de talentos em quadra) não é nada fácil.

A expectativa pelo desempenho do armador Jeremy Lin foi frustrada pelas várias lesões que o jogador sofreu durante a temporada. Além disso, o comando técnico do Nets deu espaço aos jovens na armação da equipe. Spencer Dinwiddie, Isaiah Whitehead, Yogi Ferrell e até mesmo o ala-armador de origem Sean Kilpatrick atuaram na posição 1. O que sobrou em velocidade, agilidade, faltou em criação de jogadas. Dessa turma, Dinwiddie se sobressaiu nas assistências e no cuidado com a bola, mas nada que chamasse muito a atenção.

Como disse acima, Atkinson começou a dar uma identidade ao time. O Nets foi uma equipe que jogou em um ritmo alucinante, aproveitando-se, é claro, do atleticismo de seus jovens jogadores. Nesse sistema de jogo baseado na velocidade, sem um grande playmaker, em diversas ocasiões, os alas Caris LeVert e Rondae Hollis-Jefferson ficaram com a incumbência de criar oportunidades para os companheiros. Aliás, esses dois atletas foram escolhas acertadas (ambos adquiridos em trocas em seus respectivos recrutamentos) de uma franquia desacreditada como o Nets e são peças importantes para o futuro da equipe.

Sem o principal reforço em mais da metade da campanha, o pivô Brook Lopez reinou como o destaque absoluto do time. Ele foi o único jogador da equipe a ter uma média superior a 20 pontos e se manteve saudável por quase toda a temporada (ficou de fora de apenas sete jogos). Principal moeda de troca de um time em frangalhos, Lopez foi negociado pelo Nets na noite do recrutamento deste ano. Ele deixa a equipe novaiorquina após nove temporadas de serviços prestados e como o maior pontuador da história da franquia.

Futuro

A franquia novaiorquina já atingiu o fundo do poço, mas está se reerguendo com dignidade e graças a um bom trabalho do gerente-geral Sean Marks. Para a temporada que começa em menos de 50 dias, o Nets trouxe um jogador com potencial para ser “o cara” do time por muito tempo. Marks deu um passo mais ousado no processo de reconstrução da equipe e fechou, a meu ver, uma boa troca com o Los Angeles Lakers. D’Angelo Russell, de apenas 21 anos, terá uma ótima oportunidade para se destacar e evoluir em seu novo time. Para trazer a jovem promessa, Marks cedeu o contrato expirante de Lopez e a escolha 27 do draft deste ano (que veio a ser o ala-pivô Kyle Kuzma). Na negociação, o Nets ainda recebeu o contrato “salgado” do pivô russo Timofey Mozgov (US$48 milhões até 2020), o que não é um problema para uma franquia com bastante espaço na folha salarial.

Além de Russell, o time do Brooklyn se reforçou com o ala DeMarre Carroll e o ala-armador Allen Crabbe. Na troca envolvendo Carroll, Marks ainda recebeu uma escolha de primeira rodada (protegida até o fim da loteria) do draft de 2018 e outra de segunda rodada do mesmo recrutamento, e enviou ao Toronto Raptors o contrato expirante de US$3 milhões do pivô Justin Hamilton. Nada mal, nada mal. No Nets, Carroll vai reencontrar o treinador Kenny Atkinson, que era assistente técnico do Hawks no período em que teve os melhores anos de sua carreira. O ala tem mais dois anos de contrato garantido e vai receber US$30.2 milhões em salários nesse período.

Já com relação a Crabbe, o Nets abriu mão do ala-pivô Andrew Nicholson, que fez apenas dez jogos pela franquia e não vai deixar nenhuma saudade. O ala-armador de 25 anos esteve perto de ser adquirido pelo time do Brooklyn na offseason de 2016, quando era agente livre restrito e aceitou uma proposta de US$75 milhões por quatro temporadas da equipe. Na época, os dirigentes do Portland Trail Blazers igualaram a oferta e mantiveram Crabbe. Um ano depois, os times fecharam a troca envolvendo o jogador. Bom para o Nets, que “economizou”, em 2016/17, os US$18.5 milhões em salários do especialista em arremessos de longa distância. Mais uma bola dentro do GM Sean Marks.

No recrutamento deste ano, o Nets selecionou o melhor pivô disponível com a escolha 22. Com a saída de Lopez, Jarrett Allen pode ganhar espaço na rotação do time logo em sua primeira temporada na NBA. Ele é um big man que combina excelente altura (2.11m), uma das maiores envergaduras do recrutamento (2.27m) e condição atlética adequada (extremamente móvel) para encarar o nível profissional. Allen, de 19 anos, também exibe versatilidade e uma animadora evolução nos dois lados da quadra. Na segunda rodada, a opção do Nets foi por um stash. O búlgaro Sasha Vezenkov, de 22 anos, é um stretch four com experiência na liga espanhola (a mais forte da Europa), excelente pontuador em pick and rolls pick and pops e dono de um arremesso consistente do perímetro. ele pode ser útil à equipe em um futuro próximo, já que o seu vínculo com o FC Barcelona se encerra ao final da temporada 2018/19.

Enfim, o Nets qualificou seu elenco para a temporada 2017/18 e, para isso, não abriu mão de futuras escolhas de draft. Não interessa à equipe ficar na rabeira, tankar, e ter uma pick alta no próximo recrutamento, já que ela não pertence mais à franquia graças ao péssimo trabalho do ex-GM Billy King. Marks fez ótimas movimentações ao trazer Russell, Crabbe, Carroll e Mozgov, que têm tudo para formar o quinteto titular da equipe ao lado do jovem Rondae Hollis-Jefferson. De quebra, o Nets angariou duas escolhas do próximo draft.

Com um quinteto titular mais competitivo, e um banco de reservas liderado pelos experientes Jeremy Lin e Trevor Booker, além do jovem Caris LeVert, a franquia do Brooklyn pelo menos voltou a ter um plantel decente. A classificação aos playoffs ainda é improvável, apesar de alguns times da Conferência Leste terem se enfraquecido para esta temporada. Vale lembrar que a equipe ainda está em um doloroso e longo processo de reconstrução, e é importante “manter os pés no chão”. O que conforta os fãs da franquia é que o Nets parece ter rumo nas mãos do competente GM Sean Marks, que vem tirando leite de pedra para tornar um time que não tinha quase nada em um que começa a ter o respeito de volta.

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