Stashes da NBA #1 – Marcus Eriksson

Gabriel Andrade analisa ala-armador do Gran Canaria, cujos direitos na NBA são do Hawks

Fonte: Gabriel Andrade analisa ala-armador do Gran Canaria, cujos direitos na NBA são do Hawks

POR GABRIEL ANDRADE

O draft-and-stash é uma prática comum no recrutamento de jovens da NBA pelos mais diferentes motivos. Nele, o time que escolhe o jogador opta por deixá-lo em desenvolvimento em outra competição por questões contratuais que limitam-no de transferir-se já na temporada seguinte ou para que siga se aprimorando em outro lugar, mesmo após ter saído do basquete universitário – como foram os casos de James Ennis III (Austrália) e Mike Muscala (Espanha). Enquanto isso, as franquias continuam tomando nota de seus progressos para julgar quando ou se vale a pena trazê-los para fazer parte do elenco. É neste sentido que, periodicamente, trarei análises dos mais relevantes stashes de equipes da NBA.

Marcus Eriksson

Atlanta Hawks

País natal: Suécia
Clube: Gran Canaria
Idade: 23 anos

Medidas Físicas

Altura: 2,02 metros (6’7’’)
Envergadura: 2,05 metros (6’8.75’’)
Alcance vertical em pé: 2,62 metros (8’7’’)
Peso: 86.2 kg (190 libras)

Atributos Posicionais

Posição listada: ala-armador
Estereótipo posicional: ala chutador versátil + gravidade
Habilidades posicionais: arremesso de três pontos saindo de corta-luzes, spot up, alta frequência de movimento sem bola, agressividade no arremesso, gravidade e chutes após 1-2 dribles
Jogadores de NBA na categoria: JJ Redick, Kyle Korver, Nick Stauskas e Marco Belinelli

Estatísticas

Eurocup: 15.5 pontos, 1.5 rebotes, 1.8 assistências, 1.0 desperdício de bola, 0.8 roubos de bola, nenhum toco, 51.2% nos arremessos de quadra, 54.5% nos arremessos de três pontos (5.5 tentativas) e 88.9% nos lances livres em 21.8 minutos.
Liga ACB: 13.7 pontos, 3.5 rebotes, 0.5 assistências, 0.7 desperdícios de bola, 0.6 roubos de bola, nenhum toco, 55.8% nos arremessos de quadra, 57.7% nos arremessos de três pontos (4.6 tentativas) e 90.0% nos lances livres em 21.3 minutos.

Contexto Profissional

Draftado pelo Atlanta Hawks em 2015 na 50ª escolha geral, Eriksson rodou alguns anos emprestado pelo Barcelona ou atuando pela equipe catalã. Ele segue a atual temporada no Gran Canaria, clube espanhol que disputa a Liga ACB (primeira divisão do basquete espanhol) e a Eurocup (segunda mais importante competição continental europeia de times).

Sua atual temporada pode ser considerada a de maior destaque, “explodindo” em números e confiança. Se era difícil achar uma oportunidade no sempre lotado (e recentemente pouco coeso) elenco do Barcelona, Eriksson encontrou espaço para exercer sua função e ainda permanecer em nível alto dentro do basquete europeu no Gran Canaria. Tem sido o cestinha da equipe e titular em sete das 10 partidas disputadas.

Motivos para ingressar na NBA

O ala sueco tem um nicho dentro da NBA: ala alto e de envergadura mediana, fluido em seus movimentos e inteligente sem a bola, Eriksson é um arremessador dinâmico. Tem muita versatilidade em seu chute, o que permite uma variedade de usos nos mais diferentes esquemas. Ainda que seja um atleta limitado e mais considerado como um role player, ele traz ferramentas valiosas que franquias estão sempre a procura.

Não se trata de alguém que precisa estar parado para arremessar. Em suas usuais ações ofensivas no Gran Canaria, ele geralmente é acionado após pindowns/elevadores para pegar a defesa em movimento e assim abrir mais oportunidades no ataque. Se a defesa morrer ou se atrasar no bloqueio, Eriksson é capaz de chutar em movimento no mínimo espaço dado:

https://streamable.com/3qxzl

Dado o perigo quando acionado em movimento, é comum que a defesa precise ser agressiva ou cubra espaços gerados por seu movimento. Suas constantes ações alteram a retaguarda adversária, que precisa se antecipar a sua movimentação. Neste lance, o ala recebe depois de sair do corta-luz com o defensor não tendo conseguido persegui-lo. Então, o jogador que marcava o armador precisa cobrir o espaço e Eriksson dá um passe rápido para Albert Oliver, livre para três pontos.

https://streamable.com/2hny8

Outro exemplo de gravidade está nesta jogada, em que o arremessador nem encosta na bola. Oliver consegue espaço no pick-and-roll, bota a defesa nas suas costas e ganha a vantagem. O pivô da equipe ganha separação para finalizador e não é possível solicitar a ajuda defensiva mais próxima, porque este está cuidando do espaço de Eriksson. A ameaça de chute consolida o espaço criado:

https://streamable.com/0heal

Além de ações para logo arremessar ou passar a bola, Eriksson é capaz de receber em movimento, dar um ou dois dribles para ganhar espaço e converter estas chances – punindo defesas mais agressivas e pressionadas.

https://streamable.com/7os3m

https://streamable.com/sw52i

Essas mesmas movimentações também abrem oportunidades para ataque a cesta:

https://streamable.com/z1bq6

Contudo, é muito mais eficiente em arremessos que infiltrações. Não é um jogador muito explosivo ou atlético, costuma jogar por baixo do aro em meia quadra e foge do contato. Mesmo quando consegue espaço para atacar, foge da proteção de aro:

https://streamable.com/rmle3

Em situações de catch-and-shot, trata-se de um chutador agressivo e confiante. Tem distância de chute, alcance, replicável na NBA:

https://streamable.com/aq9rv

https://streamable.com/a517y

A constante movimentação sem a bola não se limita ao corta-luz. Nesta jogada, por exemplo, Marcus se realoca no perímetro dando alguns passos para esquerda para achar um arremesso livre:

https://streamable.com/sgbxp

É também um alvo para chutes em transição, se a defesa não defender a linha de três pontos ou após rápidas ações secundárias, como o pequeno bloqueio sem bola do pivô nesta jogada:

https://streamable.com/m51qx

E eis meu arremesso livre preferido dele. Veja como após receber o passe, mantém a bola alta, quase já na altura e já lança. Não dá muito tempo pra defesa reagir:

https://streamable.com/hzscl

Em jogadas de pick-and-roll, basicamente, limita-se a disparar bolas após o drible quando a defesa fica presa ou passa por trás do corta-luz:

 

https://streamable.com/7zzmq

https://streamable.com/3zc82

Para executar passes, normalmente precisa receber a bola em movimento, pois falta explosão e controle de bola para quebrar as defesas, e daí executar leituras básicas de jogada como esta:

https://streamable.com/clrdq

Em outros casos, Eriksson vai acabar matando seu drible sem criar nada. Não tem muita confiança em criar jogadas deste tipo, sabe e limita-se à sua função:

https://streamable.com/5rc38

A única cesta criada individualmente por Eriksson que notei nas partidas selecionadas foi esse fadeaway, utilizando sua altura e munheca para arremessar por cima do adversário – à moda de Bojan Bogdanovic.

https://streamable.com/kttud

Defensivamente, o ala é limitado pelo atleticismo e capacidade física geral, mas é alguém que entende rotações e defesa coletiva:

https://streamable.com/7370v

Porém, por vezes, pode se perder em ações secundárias como esta. Foi uma grande jogada ofensiva do Valencia, mas veja como Eriksson passa por trás do bloqueio na primeira vez e dá oportunidade para que o oponente reutilize o corta-luz para conseguir o arremesso livre:

https://streamable.com/xlx6l

Com encaixe fácil em vários esquemas ofensivos pelo seu dinamismo e versatilidade como arremessador, Marcus Eriksson é uma commodity valiosa para o Hawks – que, hoje, tem um elenco bastante limitado. Com Belinelli agente livre na próxima offseason, abre-se vaga no elenco para um chutador moderno, capaz de ser usado em movimento, como Mike Budenholzer tanto gosta. Em que pese suas limitações, tem qualidades para ser aproveitado e adquirir minutos.

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