Vítima de violência policial, Sterling Brown relembra tentativa de silenciar caso

Ala-armador do Bucks teve oficial de polícia ajoelhado em seu pescoço, assim como aconteceu no assassinato de George Floyd

Fonte: Ala-armador do Bucks teve oficial de polícia ajoelhado em seu pescoço, assim como aconteceu no assassinato de George Floyd

Em janeiro de 2018, um calouro do Milwaukee Bucks desfalcou o time por alguns jogos por um episódio não especificado. O caso, dias depois, se tornaria público: o ala-armador Sterling Brown havia sido detido por ter resistido após receber voz de prisão e, entre outros detalhes, foi eletrocutado por oficiais. O vídeo da abordagem seria divulgado meses mais tarde e o que se viu no registro foi mais um dos casos de violência contra um homem negro nos EUA.

O jogador de 25 anos relatou sua experiência em texto ao site Players’ Tribune. Ele foi abordado por ter estacionado o carro, às duas da madrugada, entre duas vagas para deficientes físicos em uma loja local. Depois de não ter ouvido uma frase dos policiais e duas respostas atravessadas, ele havia sido derrubado no chão por seis oficiais. O atleta havia sido atingido por uma arma de eletrochoque, enquanto um dos agressores estava ajoelhado em seu pescoço.

“O tempo inteiro em que estava no chão, eu só conseguia pensar como chegamos àquele ponto. Eu só queria voltar para a minha casa, meu trabalho. Até pensei em revidar, mas aquilo foi somente uma tentativa desnecessária de exibir poder. Eram seis armas e distintivos contra um homem desprotegido. Consegui ouvir um deles debochando do Bucks e dizendo que seriam acusados de racismo pela imprensa só porque eu era jogador da NBA”, relembrou Brown.

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Depois da ponderação do policial, o grupo de oficiais decidiu colocar o ala-armador em um dos carros e levá-lo para o departamento de polícia, onde ficou detido por horas. “Isso acontece todos os dias com pessoas negras em nosso país. Mesmo no curto período em que eu fiquei sob custódia, outro homem negro foi trazido para o distrito com o olho sangrando e contando para todos como aquilo havia começado com uma abordagem normal de trânsito”, relatou o jovem.

Brown tornou-se um símbolo de força porque dirigiu-se ao treinamento do Bucks logo depois de ser liberado da delegacia e participou de uma partida naquela noite, anotando quatro pontos e nove rebotes em 27 minutos de ação. Os policiais foram afastados e passaram por uma “reciclagem”. Mas, por trás do aparente final feliz, ficou a marca de uma história que ele faz questão de contar. Conta, especialmente, porque sabe que muitos tentaram calá-lo e silenciar o caso.

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“A cidade de Milwaukee queria dar-me US$400 mil para que ficasse quieto depois de policiais terem ajoelhado em meu pescoço, pisado no meu joelho e me atingido com uma arma de eletrochoque. Mas eu não podia ficar quieto. Rejeitei essa oferta porque tenho a responsabilidade de ser uma voz que ajude a mudar essa narrativa para meu povo. E, para isso, eu tenho que contar a história. Precisamos conversar sobre a brutalidade policial e esse sistema corrupto”, explicou Brown, admitindo que poderia ter tido o mesmo destino do assassinado George Floyd.

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