O melhor jogador europeu de todos os tempos

Drazen Petrovic chegou desacreditado na NBA, ganhou espaço e pavimentou o caminho dos europeus na liga

melhor jogador europeu Fonte: Nathaniel S. Butler/AFP

Quando falamos sobre o melhor jogador europeu de todos os tempos da NBA, obviamente pensamos de cara: Dirk Nowitzki. E é fato, pois o alemão foi MVP, campeão e MVP das finais pelo Dallas Mavericks, além de 14 convocações para o Jogo das Estrelas e 12 times ideais da liga. Sim, já deu para entender que Nowitzki é o atual dono da “cadeira”, mas hoje vamos falar daquele que brilhou na Europa e, quando estava em seu melhor momento, perdeu a vida em um trágico acidente de carro.

Drazen Petrovic era aquele jogador que você jamais gostaria de enfrentar. Era excepcional arremessador, sabia criar o próprio lance e conseguia ajudar na organização ofensiva. No entanto, as coisas nem sempre foram fáceis para o croata nos Estados Unidos.

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Portanto, a partir de agora, farei um resumo daquele que considero o melhor jogador europeu que já pisou em uma quadra de basquete em todos os tempos.

Começo na antiga Iugoslávia

Drazen Petrovic iniciou sua carreira no Sibenka, aos 13 anos. Embora não existam dados oficiais, ele já era um jogador ofensivamente espetacular e, dois anos depois, já fazia parte do elenco profissional. Meio o que aconteceu com Luka Doncic no Real Madrid. Mas por lá, Petrovic estava apenas começando e em uma equipe mediana ou pequena. Só que seu talento chamou a atenção do Cibona.

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Ao lado de seu irmão, Aleksandar Petrovic, que futuramente serviu como técnico da Seleção Brasileira, Drazen foi para o time de Zagreb em 1984. Por lá, ele venceu o Campeonato Nacional e a Copa Iugoslava, sendo o cestinha com média de 32.5 pontos. No entanto, o melhor estava por vir.

Naquele mesmo ano, ele foi decisivo, anotando 29 de seus 44 pontos contra o Real Madrid para conquistar a então European Champions Cup, hoje EuroLeague. O atleta trilhava o caminho para ser o melhor jogador europeu em sua época.

Na campanha seguinte, em um jogo inacreditável, Petrovic anotou 112 pontos diante do Union Olimpija Ljubljana. Naquela partida, ele acertou 40 dos 60 arremessos de quadra, dez em 20 tentativas de três e converteu todos os 22 lances livres.

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Imparável!

Então, a Iugoslávia estava ficando pequena para ele. Apesar de Petrovic conquistar todos os títulos possíveis, ele queria desafios maiores.

Em 1988, o Real Madrid o contratou, após a Iugoslávia ficar com a medalha de prata nas Olimpíadas de Seul.

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Real Madrid

Inicialmente, Drazen Petrovic não sabia quanto tempo ficaria no basquete espanhol. Enquanto ele via grandes nomes permanecendo na Europa, como Arvydas Sabonis, Petrovic queria fazer o diferente. Entretanto, ele cumpriu o seu primeiro ano pelo Real Madrid de forma fantástica.

Petrovic registrou médias de 28.5 pontos, 4.3 assistências e 4.1 rebotes pelo clube espanhol. Por lá, ele foi campeão da Copa do Rei, mas perdeu a decisão do Campeonato Espanhol para o rival Barcelona.

O jogador já havia sido escolha do Portland Trail Blazers, no Draft de 1986, mas preferiu permanecer no basquete FIBA, por conta das restrições contra profissionais. Vale lembrar que, na época, um atleta da NBA não poderia representar sua seleção.

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No entanto, a situação em seu país estava ficando cada vez mais insustentável.

Em meio a uma guerra civil, a Iugoslávia se dividiu em seis países: Croácia, Bósnia, Eslovênia, Macedônia, além de Sérvia e Montenegro.

Como resultado, alguns de seus antigos companheiros mudaram de nacionalidade. Se você assistiu o documentário Once Brothers, vai se lembrar da situação entre Vlade Divac e ele. Mas se não viu, apenas assista. É incrível.

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Então, Petrovic resolveu que aquele seria o seu único ano na Espanha e rumou para a NBA.

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Portland Trail Blazers

Drazen Petrovic chegou ao Portland Trail Blazers como um ninguém. Raros jogadores europeus haviam se arriscado na NBA, mas ninguém conseguia ter sucesso. Estilo de jogo, velocidade, número de partidas, outra língua… são vários dos exemplos que faziam com que atletas da Europa falhassem nos EUA.

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Iniciamente, o Blazers o via como um mero arremessador, pois tinha preocupações sobre sua velocidade para jogar como ala-armador e sua defesa. Então, ele era apenas um reserva em Portland.

Existe justificativa, todavia.

O Blazers contava com Clyde Drexler, um dos maiores nomes da história da franquia.

No entanto, Petrovic atuou por apenas 12.6 minutos em seu ano de estreia. Mesmo assim, ele obteve respeitáveis 7.6 pontos e um aproveitamento de 45.9% nos arremessos de três.

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Mas ele estava insatisfeito ali e queria jogar. Por pouco, ele não voltou para a Europa.

Lembre-se: Petrovic sabia ajudar na organização e era ótimo na criação do próprio arremesso, coisas que ele não tinha a chance de fazer em Portland. Enquanto ele era o melhor jogador europeu, nos Estados Unidos sua situação era a de um quase desconhecido.

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Veio a temporada 1990/91 e seus minutos, que eram poucos, desapareceram. Então, veio a troca para o New Jersey Nets.

New Jersey Nets

Drazen Petrovic agradou logo de cara. Com mais espaço e liberdade, o jogador começou a mostrar serviço no New Jersey Nets. Apesar de a equipe não ser exatamente competitiva, a direção notou que ele precisava ter mais minutos.

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Assim foi feito.

Na campanha 1991/92, a sua primeira completa pelo Nets, o atleta saltou para 20.6 pontos, 3.1 rebotes, 3.1 assistências e converteu 44.4% em três pontos. Com sua ajuda, o time foi aos playoffs pela primeira vez em seis anos.

Durante a temporada 1992/93, ele voltou a conduzir o Nets aos mata-matas e foi o cestinha, com 22.3 pontos, além de 44.9% nos arremessos de três. No entanto, sua situação contratual era um tanto complicada.

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Embora ele estivesse em seu último ano de acordo com a equipe, times da Espanha e Itália queriam pagar mais. Enquanto isso, o Nets estava apenas começando a montar um grupo que brigaria por playoffs. Para quem tinha 28 anos e vários títulos na carreira, não fazia muito sentido permanecer por lá, sendo que ele nem era considerado o principal nome da equipe. Dos 13 maiores cestinhas de 1992/93, apenas ele não foi ao All Star Game.

O Nets apostava muito mais em Derrick Coleman e Kenny Anderson, que foram para o Jogo das Estrelas de 1994.

Disputas contra Michael Jordan

Michael Jordan e Drazen Petrovic se enfrentaram diversas vezes em suas carreiras, seja na NBA ou por suas seleções. E Jordan, se você acompanhou o que ele fez na NBA ou viu a série The Last Dance, sabe que MJ não era um dos caras mais fáceis de lidar.

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Então, Jordan criava missões particulares. Uma delas era bater o croata, mas utilizando o trash talk. Ou seja, falava palavrões, provocava, tentava abalar o jogador mentalmente.

Todavia, com o melhor jogador europeu isso não funcionava muito bem.

Enquanto Jordan fazia das suas, o jogador do Nets respondia de volta e o tirava do sério. Em alguns dos encontros, Petrovic o provocou e o camisa 23 começou a cometer erros bobos, como andadas e passes errados.

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Claro, ninguém está comparando os dois aqui, até porque, a única vitória do croata contra o Chicago Bulls ocorreu na estreia de seus confrontos, quando ainda jogava pelo Portland Trail Blazers. Nos jogos restantes, foram dez triunfos de Jordan. Muitos deles, por 20 pontos ou mais.

Mas Petrovic sempre fazia bons jogos contra Jordan e havia um certo nível de rivalidade.

Extensão com o Nets

De acordo com o jornalista Mike Freeman, do New York Times, em outubro de 1992, Drazen Petrovic não queria retornar ao Brooklyn Nets e iria para a Europa pensar no seu futuro. O croata estava muito insatisfeito pela pouca valorização de seu basquete nos Estados Unidos.

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Embora fosse campeão em múltiplas oportunidades no Velho Continente, a NBA não prestava muita atenção em seu basquete. A ideia ainda era aquela dos tempos de Portland Trail Blazers: um ótimo arremessador, cestinha, mas sem capacidade defensiva.

Então, em conversas com o seu agente Warren LeGarie, ele revelou que não gostaria de seguir na equipe.

Willis Reed, na época o GM do Nets, não queria se comprometer em dar a ele um salário mais alto ou formar um time com chances reais de título.

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Sem perspecitvas, ele estava triste com os problemas pessoais com Vlade Divac e a situação com o Nets não ajudava.

Morte

Logo após a eliminação para o Cleveland Cavaliers nos playoffs de 1993, Drazen Petrovic deu uma entrevista curta, dizendo basicamente que provou o que precisava provar na NBA. Então, ele foi para a Europa para representar a seleção croata. Em 1993, jogadores da NBA já podiam jogar por seus países.

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Petrovic foi para Berlin, na Alemanha, onde a Seleção da Croácia treinava para o EuroBasket. Enquanto o Nets queria oferecer a ele um contrato de US$1.5 milhão anual, ele recebeu ofertas de times da Grécia de três anos para ganhar US$7.5 milhões. Ou seja, ele ficaria mais próximo de casa, teria um salário muito maior e jogaria onde era reconhecido como o melhor jogador europeu.

Ele não estava feliz, mas queria tempo para pensar no futuro.

O jogador pretendia retornar para a Croácia e ficar ao lado de amigos e parentes. Entretanto, no dia 7 de junho de 1993, Petrovic estava com a namorada e preferiu ir de carro para o seu país, ao invés de pegar uma conexão de um voo.

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Em um acidente em que apenas ele foi vítima fatal, o croata perdeu a vida, aos 28 anos. Sua namorada dirigia em uma via rápida, enquanto ele dormia, sem cinto de segurança. Um caminhão atingiu seu carro, Petrovic não resistiu aos ferimentos na cabeça, morrendo na hora.

Legado

Se teve uma coisa que Drazen Petrovic deixou foi um legado enorme. Ele pavimentou o caminho para atletas de outros países, como Dirk Nowitzki, que citamos no início do artigo. Apesar de Nowitzki ser considerado o melhor europeu de todos os tempos da NBA, o croata foi um jogador melhor no geral, com mais conquistas por times e seleção.

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Depois de seu sucesso pouco importante na época, a NBA se tornou uma liga mundial, com jogadores de várias nacionalidades. Desde então, cinco estrangeiros venceram o prêmio de MVP: Hakeem Olajuwon (Nigéria/EUA), Steve Nash (África do Sul/Canadá), Giannis Antetokounmpo (Grécia) e Nikola Jokic (Sérvia).

Na Croácia, por exemplo, o local onde seu corpo foi enterrado serve quase como um santuário para fãs de basquete. Em 2002, ele recebeu nova homenagem, o Hall da Fama.

Petrovic foi um daqueles jogadores que dizemos “e se”.

Infelizmente, não temos como avaliar o que seria sua carreira na NBA, mas caso tivesse a chance de sair ileso do acidente e recebesse uma nova chance na liga, ele poderia ser muito mais que só um arremessador de três pontos e cestinha.

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Uma pena.

Jogadores e técnicos famosos sobre Petrovic

LeBron James: “Ele era o melhor jogador europeu ou internacional de todos os tempos, muito atlético, tinha habilidade de arremessar e não tinha medo”.

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Reggie Miller: “Petrovic foi o jogador mais frustrante que eu enfrentei na vida. Mas ele foi o melhor arremessador que joguei contra”.

John Stockton: “Eu quase senti pena dos jogadores da Croácia na final das Olimpíadas de 92, seja pelo comportamento dos atletas, linguagem corporal, mas havia um cara ali que achava que poderia vencer. E ele jogou como alguém que pensava que venceria os EUA”.

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Michael Jordan: “Foi emocionante enfrentar ele em todas as vezes que competimos um contra o outro, mas ele competia com uma atitude agressiva, ele não ficava nervoso. Ele vinha para cima de mim como eu ia para cima dele, então foram grandes batalhas e, infelizmente, foram poucas”.

Jason Kidd: “Ah, ele era um jogador lendário. Ele tinha muito talento, mas infelizmente sua vida acabou cedo. No entanto, ele jogava duro e amava o jogo de basquete”.

Steve Kerr: “Eu já tive de marcar Drazen e não foi nada bom”.

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