Times históricos que não foram campeões – Phoenix Suns (2005)

Jumper Brasil dá sequência à série de times marcantes que não conquistaram títulos na NBA

Times históricos Suns 2005 Fonte: Stephen Dunn / AFP

A série “Times históricos que não foram campeões” continua no Jumper Brasil! O 13° texto vai homenagear o Phoenix Suns, finalista da conferência Oeste em 2005 e que teve o armador Steve Nash eleito MVP naquela temporada.

Quem leu os textos anteriores sabe que, primordialmente, o objetivo da série é trazer a história da NBA aos leitores mais novos, que começaram a acompanhar a liga há pouco tempo. Para os mais antigos, os artigos servem como uma viagem no tempo, trazendo aquela sensação de nostalgia.

Desde já é bom esclarecer que esta é a segunda vez que o Suns aparece na série “Times históricos que não foram campeões”. A equipe vice-campeã da NBA, em 1993, que era liderada por Charles Barkley, foi homenageada há três anos.

Em primeiro lugar, vamos apresentar como foi a formação do elenco que entrou para a história da franquia de Phoenix. Posteriormente, detalharemos a temporada 2004/05, especialmente os duelos inesquecíveis contra o San Antonio Spurs, maior rival do Suns desde a década de 90.

A montagem do elenco

Após o sucesso em 1992/93, o Suns conseguiu chegar aos playoffs nas oito temporadas seguintes. Foram três semifinais de conferência e cinco eliminações na primeira rodada. Nesse período, a equipe teve nomes como o já citado Barkley e Kevin Johnson, remanescentes da campanha de 1993, bem como Jason Kidd, Penny Hardaway, Michael Finley, Stephon Marbury, entre outros.

O então assistente Mike D’Antoni assumiu o comando da equipe em meados da temporada 2003/04. Jogador e treinador de sucesso na Itália, ele ainda era um desconhecido na NBA. Anteriormente, D’Antoni havia trabalhado como assistente no Denver Nuggets (1997/98) e no Portland Trail Blazers (2000/01). Em 1998/99, ele conseguiu o cargo de técnico do Nuggets, mas foi demitido após uma campanha ruim (14 vitórias e 36 derrotas). Posteriormente, ele trabalhou como scout no Spurs (1999/2000).

No Draft, o time do Arizona selecionou três atletas que formariam o núcleo do histórico time de 2005: Steve Nash (escolha 15, 1996); Shawn Marion (escolha 9, 1999); e Amare Stoudemire (escolha 9, 2002). Além disso, na noite do recrutamento de 2003, a equipe adquiriu o brasileiro Leandrinho Barbosa, após uma troca com o Spurs.

Especialista nos arremessos de média e longa distância, Joe Johnson chegou ao Suns em 2002. Trocado pelo Boston Celtics, o ala-armador de 21 anos era um novato que ainda não tinha conquistado o seu espaço na liga.

Outro gatilho do perímetro que fez parte do time histórico de 2005 foi Quentin Richardson. Depois de sua melhor temporada na NBA, pelo Los Angeles Clippers, o ala assinou com o Suns na offseason de 2004. Além de titular absoluto da equipe, Richardson venceu o torneio de três pontos de 2005.

A volta de Nash

O retorno de Nash, na offseason de 2004, foi a movimentação-chave para o time histórico que viria a ser formado. Draftado pelo Suns, o armador canadense foi negociado com o Dallas Mavericks em 1998. Ele atuou por seis temporadas no time texano, mas ficou livre no mercado ao final da temporada 2003/04. O dono do Mavs, Mark Cuban, queria montar um elenco ao redor do jovem alemão Dirk Nowitzki. Na época, Nash já tinha 30 anos. Apesar das boas temporadas em Dallas, o canadense não era visto como uma peça fundamental para o longo prazo, tanto que a franquia propôs ao jogador um contrato de quatro anos (US$36 milhões).

O Suns, por outro lado, precisava de um novo armador, após as saídas de Marbury e Hardaway. O gerente-geral do time do Arizona, Bryan Colangelo (filho do lendário Jerry Colangelo), ofereceu um contrato de seis anos, no valor de US$63 milhões. O Mavs não cobriu a oferta e, assim, Nash retornava à franquia que o havia selecionado no Draft oito anos atrás.

A temporada histórica

O Suns de 2004 era um time promissor, com vários atletas abaixo dos 25 anos. Stoudemire (22), Joe Johnson (23), Quentin Richardson (24), Leandrinho (22), Casey Jacobsen (23) e Steven Hunter (23) foram rodeados pelo All-Star Marion (26), além dos veteranos Nash (30) e Jim Jackson (34).

Aquela seria a primeira temporada com D’Antoni comandando a equipe desde o início. Na anterior, o time havia vencido apenas 29 jogos e foi o penúltimo colocado do Oeste. Inicialmente, o objetivo do Suns era modesto: dar cancha aos jovens e implementar um sistema de jogo baseado na velocidade e nos arremessos rápidos. Tudo isso, é claro, sem pressão por uma vaga imediata nos playoffs.

No entanto, o run-and-gun, que privilegiava formações mais baixas, sem um pivô de ofício, e com jogadores atléticos ao redor do maestro Nash, fez sucesso logo de cara. O pick-and-roll de Nash com Stoudemire era o carro-chefe do melhor ataque da década (média de 110,4 pontos). O Suns fez a melhor campanha da liga, com 62 vitórias e apenas 20 derrotas. Desse modo, a franquia igualou a campanha de 1992/93, até então a melhor de sua história.

Além disso, Nash, Marion e Stoudemire foram selecionados para o Jogo das Estrelas. De quebra, D’Antoni foi eleito o técnico do ano e Colangelo o melhor dirigente. Para o armador canadense, a temporada foi ainda mais mágica. Aos 31 anos, Nash foi eleito o jogador mais valioso (MVP) da NBA. Era o primeiro estrangeiro, depois de Hakeem Olajuwon, a conquistar o maior prêmio individual da liga. Grande comandante do Suns em quadra, Nash angariou médias de 15.5 pontos e 11.5 assistências, além de um aproveitamento de 50.2% nos arremessos de quadra e 43.1% do perímetro. Além de genial como criador de jogadas para os companheiros, o canadense era um dos melhores arremessadores da liga.

Phoenix Suns 2004/05

Time-base: Steve Nash (PG), Joe Johnson (SG), Quentin Richardson (SF), Shawn Marion (PF) e Amare Stoudemire (C)

Principais reservas: Leandrinho (PG/SG), Jim Jackson (SF), Casey Jacobsen (SG/SF) e Steven Hunter (C) 

Técnico: Mike D’Antoni

Playoffs de 2005

Contra todos os prognósticos, o time conquistou 33 vitórias a mais do que na temporada anterior e fez a melhor campanha de 2004/05. Assim, a NBA passou a prestar atenção no “azarão” Phoenix Suns. De azarão, a equipe do Arizona passou a ser considerada favorita ao título da temporada. Era o basquete mais vistoso da liga, um estilo de jogo que moldaria a NBA nos anos seguintes.

Na primeira rodada dos playoffs, o Suns ‘varreu’ o Memphis Grizzlies, que era liderado pelo espanhol Pau Gasol. Na semifinal de conferência, o adversário foi o Mavericks, de Nowitzki e Finley. O Suns levou a melhor após a disputa de seis partidas. O detalhe é que todos os jogos da série tiveram placares centenários. O time de Phoenix teve médias de 117.5 pontos no confronto. Inspirado, Nash brilhou contra a ex-equipe, obtendo médias de 30.3 pontos e 12.0 assistências. Stoudemire (28.8 pontos e 12.5 rebotes) e Marion (23.3 pontos e 12.2 rebotes) também conseguiram médias de duplo-duplo na série.

A vitória contra o Mavs mostrou que o run-and-gun, além de bonito de se ver, dava resultado em quadra. Entretanto, a prova de fogo viria na final do Oeste. O adversário seria o Spurs, que havia feito a segunda melhor campanha da temporada regular (59 vitórias e 23 derrotas). Era quase consenso na época: o vencedor do Oeste levaria o título da NBA naquela temporada.

A fatídica final do Oeste

O decisão da conferência marcou o duelo entre dois times completamente distintos. O Suns explorava a transição, com muito pick-and-roll e arremessos rápidos. Já o Spurs trabalhava mais a bola, com um ritmo mais cadenciado na meia quadra. Campeão de 2003, o time texano era liderado por Tim Duncan, um matchup complicado para o Suns, que tinha um time mais baixo.

A equipe de San Antonio ainda contava com o argentino Manu Ginobili, eleito para o All-Star Game pela primeira vez em 2005, e um jovem armador em ascensão na liga, o francês Tony Parker. Além deles, o Spurs tinha Bruce Bowen, um especialista defensivo. Eleito para o time ideal de defesa da NBA entre 2004 e 2008, o ala era fundamental para o time texano, mas tido como um jogador desleal pelos adversários.

Com vantagem no mando de quadra, o Suns fez os dois primeiros jogos em casa. Contudo, o time de Phoenix teria um desfalque importante na abertura da série. Com uma lesão no olho esquerdo, angariada na série contra o Mavs, Johnson não disputou as duas primeiras partidas. Como veremos adiante, o Suns sentiu a ausência de seu principal arremessador e terceiro cestinha. Nash e Stoudemire tiveram grandes atuações, mas a falta de profundidade do elenco do Suns fez a diferença. O Spurs, além da boa produção do trio Duncan, Ginóbili e Parker, contou com a contribuição dos experientes Brent Barry e Robert Horry, ambos vindos do banco de reservas. Como resultado, o Spurs largou com 2 a 0 na série.

O Suns estava contra a parede, já que os dois jogos seguintes seriam realizados em San Antonio. Para a terceira partida, o time contou com o retorno de Johnson, mas o estrago já estava feito. O experiente time comandado por Gregg Popovich teve uma atuação defensiva espetacular. Dessa forma, o Spurs limitou o poderoso ataque do Suns a 92 pontos e abriu 3 a 0 no confronto. A chave para o sucesso da equipe texana foi controlar o ritmo da partida e tirar a velocidade do Suns.

A frustração

A equipe de Phoenix ficou ainda mais pressionada para o jogo 4 da série. Ser varrido na final de conferência, depois de uma campanha histórica na temporada regular? Seria frustrante demais. Com Marion se destacando na marcação de Duncan, e Stoudemire e Johnson combinando para 57 pontos, o Suns venceu a partida e respirou na série.

Com o quinto jogo sendo realizado em Phoenix, o time do Arizona tinha a chance de encostar de vez no confronto. Entretanto, os 42 pontos e 16 rebotes de Stoudemire não foram suficientes para a vitória. Por outro lado, o Spurs, mais uma vez, limitou o ataque do Suns (agora a 95 pontos) e teve um Duncan genial (31 pontos e 15 rebotes) para fazer a diferença. Dessa forma, o jogo mais cadenciado prevaleceu e San Antonio conquistou o Oeste pela segunda vez em três anos. Logo depois, o Spurs bateu o Detroit Pistons e foi o campeão da temporada.

A frustração entre os torcedores e os jogadores do Suns era evidente. Anos depois, Johnson e Marion afirmaram que a ausência do ala-armador das duas primeiras partidas da série foi preponderante para o revés do time. “Devíamos ter ganhado o título naquele ano. Se não fosse pela lesão de Joe, acho que teríamos conseguido”, afirmou Marion.

A derrota traumática para o Spurs não arruinou o Suns. No ano seguinte, Nash venceu o MVP pela segunda vez seguida e o time do Arizona voltou a decidir o Oeste, mesmo com Stoudemire fora de quase toda a temporada por conta de uma lesão no joelho. No entanto, na final de conferência, Dirk Nowitzki simplesmente destruiu o Suns e o Mavs conquistou o Oeste, após uma série de seis partidas.

Nova queda para o Spurs

Em 2006/07, Phoenix seguiu no topo. Venceu 61 jogos e fez a segunda melhor campanha da temporada. Contudo, parou na semifinal de conferência. O algoz? O Spurs.

No final do quarto jogo da série, Nash sofreu uma falta desleal de Horry. A confusão se formou em quadra, com Raja Bell partindo para cima do veterano do Spurs e sendo contido pelos companheiros. Horry foi expulso, o Suns venceu o jogo e empatou a série. Mas um detalhe foi crucial para o resultado do confronto. Stoudemire e Boris Diaw foram suspensos por uma partida por terem deixado o banco de reservas durante a confusão do jogo 4. Dessa forma, o Suns se desestabilizou e perdeu as duas partidas seguintes e, consequentemente, a série.

A polêmica arbitragem em 2007

O jogo 3 da série, em especial, foi muito estranho, com diversas marcações controversas, geralmente a favor do time texano. No início do terceiro período, Bowen fez jus à fama de desleal e simplesmente deu uma joelhada nas partes baixas de Nash. O ala não foi ejetado de quadra. O Spurs evitou a derrota em casa e virou a partida.

Anos depois, um dos árbitros envolvidos no duelo entre Suns e Spurs, Tim Donaghy, admitiu que a série foi mal conduzida pelos juízes e que Phoenix tinha o melhor time da liga. Em seu livro Personal foul, Donaghy afirmou que o supervisor de arbitragem na época, Tommy Nuñez, odiava o dono do Suns, Robert Sarver. Em contrapartida, Nuñez gostava do estilo de vida de San Antonio a ponto de querer que o Spurs levasse a melhor no confronto.

“Tommy Nunez não gostava de Sarver e estava sempre apontando nas gravações as marcações que deveriam ser apitadas contra Phoenix e as que deveriam ser alividas para San Antonio. Acho que isso colocou San Antonio em vantagem na série.”

Em 2008, Donaghy foi preso por envolvimento no escândalo da máfia das apostas. Ele admitiu culpa e ficou detido por 13 meses. No entanto, Donghy afirma em seu livro que jamais manipulou os resultados das partidas que apitou.

“Nunca precisei fazê-lo. Usualmente, sabia qual equipe venceria, com base na equipe de árbitros escalada para cada jogo, suas personalidades e relacionamento com os técnicos e jogadores dos times envolvidos”.

 

O fim da era D’Antoni

A temporada 2007/08 foi a última de D’Antoni no comando do Suns. A equipe do Arizona ainda tinha Nash, Stoudemire e Leandrinho no elenco, e se reforçou com os veteranos Grant Hill e Shaquille O’Neal. O Suns foi eliminado na primeira rodada dos playoffs. Adivinha por quem? Sim, mais uma vez pelo Spurs.

D’Antoni foi para o New York Knicks e o time de Phoenix trouxe Terry Porter para o seu lugar. A experiência não deu certo. Porter foi demitido em meados de sua primeira temporada à frente de equipe. O assistente Alvin Gentry assumiu de forma interina e não conseguiu levar o time aos playoffs.

Já em 2009/10, o Suns fez a terceira melhor campanha do Oeste, com 54 vitórias e 28 derrotas. Na primeira rodada dos playoffs, o time bateu o Portland Trail Blazers, após seis jogos. Na semifinal de conferência, o adversário seria o mesmo Spurs de Duncan, Ginóbili e Parker. No entanto, a história teve um final diferente. Liderado pela dupla Nash e Stoudemire, o Suns ‘varreu’ o seu grande rival e voltou à final do Oeste depois de quatro anos. Por fim, o Suns foi batido pelo Lakers, de Kobe Bryant e Pau Gasol, na decisão de conferência.

O legado do run-and-gun

Stoudemire assinou com o Knicks em 2010 e o veterano Nash foi para o Lakers em 2012 na tentativa de conquistar um título na NBA. Steve Kerr, gerente-geral do Suns entre 2007 e 2010, também deixou a franquia. Dessa forma, chegava ao final o ciclo de vitórias do Suns, mas que não foi coroado com um título sequer. O run-and-gun ficou marcado como um estilo de jogo muito admirado na temporada regular. Já nos playoffs nem tanto… Afinal, com os ajustes feitos pelos adversários, o resultado não foi satisfatório.

Aquele Suns dos “sete segundos ou menos” espelhou o Golden State Warriors. A equipe comandada por Kerr, um velho conhecido de Phoenix, foi dominante na década passada, com cinco finais seguidas e três títulos. Então, de certa forma, o Warriors aperfeiçoou o run-and-gun e entrou para a história da liga.

Hoje, vários times da NBA privilegiam o jogo de transição, o contra-ataque e o arremesso rápido do perímetro. Portanto, isso demonstra a importância daquele Suns de 2005, um dos times históricos que não foram campeões.

Confira os outros artigos da série que já foram publicados

1 – Times históricos que não foram campeões – Portland Trail Blazers (1991)

2- Times históricos que não foram campeões – Phoenix Suns (1993)

3- Times históricos que não foram campeões – New York Knicks (1994)

4- Times históricos que não foram campeões – Orlando Magic (1995)

5- Times históricos que não foram campeões – Seattle Supersonics (1996)

6- Times históricos que não foram campeões – Utah Jazz (1997)

7- Times históricos que não foram campeões – Indiana Pacers (1998)

8- Times históricos que não foram campeões – Portland Trail Blazers (2000)

9- Times históricos que não foram campeões – Sacramento Kings (2002)

10- Times históricos que não foram campeões – Minnesota Timberwolves (2004)

11- Times históricos que não foram campeões – Dallas Mavericks (2003)

12- Times históricos que não foram campeões – Indiana Pacers (2004)

Siga o Jumper Brasil em suas redes sociais e discuta conosco o que de melhor acontece na NBA: 

Instagram
YouTube
Twitter
Canal no Telegram
Apostas – Promocode JUMPER

Últimas Notícias

Comentários