Washington Wizards: um time fascinante liderado por Westbrook e Beal

Matheus Gonzaga e Pedro Toledo analisam o desempenho do Wizards na fase regular em 2020/21

Washington Wizards Fonte: Ned Dishman / AFP

Com a troca por Russell Westbrook, ficou claro que o Washington Wizards seria um time diferente nesta temporada. Westbrook é o tipo de jogador que deixa equipes com sua cara, sua marca e seu estilo de jogo. Apesar do início em que isso pareceu um erro, Washington se recuperou na temporada e irá disputar o play-in na conferência Leste, graças a uma melhora de Westbrook e uma temporada altamente produtiva de Bradley Beal. Mas, o que deixa o Wizards tão único? Quais as marcas de Westbrook e Beal nesse time?

Washington é, no geral, abaixo da média nos dois lados da quadra, possuindo o 18º ataque e a 20ª defesa. No que se refere ao estilo de jogo, destaca-se o ritmo extremamente acelerado (número 1 da liga), um uso altíssimo da meia distância (21 tentativas na parte longa do garrafão, mais 16 na meia distância propriamente dita) e uma taxa baixíssima de arremessos de três pontos (a menor de toda a liga). Todas essas características estão associadas principalmente a um nome: Russell Westbrook.

Eu acho muito complicado avaliar Westbrook. Seus pontos negativos são bizarramente ruins, mas ele possui aspectos extremamente geniais e essa dualidade o torna em um jogador fascinante. Para iniciar, vale mencionar que seu aproveitamento de arremessos é péssimo (True Shooting de 50.8%, 7% abaixo da média da liga), e que seu perfil de chutes de quadra tem problemas. Suas tentativas de três pontos têm até sido razoáveis em 2020-21 (acerta 31.7%, marca ruim, mas que ainda justifica tentativas por forçar atenção defensiva), mas as de meia distância, definitivamente não: ninguém na liga tenta mais bolas na região que ele (são mais de seis por partida), mas sua eficiência é sobrenaturalmente horrível: 38%. Não faz um mínimo sentido permitir essas tentativas para o armador. É evidente que ele funciona muito melhor ao atacar a cesta (onde acerta 64%), ou até com as bolas de três pontos.

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Mas esses números não tornam Westbrook um jogador ruim. O ataque de Washington é melhor, ainda que marginalmente, com um ponto a mais a cada 100 posses, com o astro em quadra e, especialmente, sua capacidade de passe deve ser valorizada. Sim, há problemas com desperdícios de bola, mas é fato que a capacidade de criação do armador gera uma quantidade gigantesca de arremessos fáceis para seus companheiros de equipe e facilita muito o ataque, especialmente para os arremessadores, que têm tentativas fáceis quando Westbrook infiltra e quebra defesas (são 2.4 assistências vindas dessa situação por partida, terceira maior marca de toda a liga).

Beal é outro com uma temporada interessantíssima, ao ser um dos líderes de pontuação da NBA em boa eficiência de 59.6% True Shooting, com eficiência obtida por dominar todas as áreas da quadra: 65% de aproveitamento na cesta em alto volume, taxas altas de lances livres e aproveitamento muito acima da média em floaters e na meia distância (48% e 47% – esses arremessos não devem ser o foco, mas são incríveis como arma pontual) e 35% nas bolas de três pontos (não é um aproveitamento ideal, mas dada a dificuldade dos arremessos tentados, seus chutes agregam bastante valor). Beal é um dos melhores pontuadores da liga e o verdadeiro motor do ataque de Washington, que faz 115 pontos por 100 posses com ele em quadra e apenas 102 sem ele. Isso é uma diferença entre um ataque top 10 e o pior da liga (por outro lado, sua presença torna a defesa nove pontos por 100 posses mais fraca, um indício de um péssimo defensor).

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Defensivamente, o Wizards até tem alguns méritos, ao ser a equipe que mais força tentativas adversárias na meia distância e na parte mais distante do garrafão, e cedendo o menor volume de tentativas no aro da NBA. O problema é que os adversários convertem em altíssimo aproveitamento contra Washington em todos esses locais (o time está no top 5 de piores desempenhos cedidos em todas as regiões mencionadas). Não adianta forçar tentativas de áreas menos “nobres” se os adversários acertarem em taxa altíssima.

Em geral, o Wizards é mais fascinante que bom ou ruim. A temporada absurda de Beal ofensivamente e a montanha russa que é Westbrook tornam a equipe extremamente divertida de acompanhar. O time tem boas chances de passar do play-in, estando muito quente na temporada. E, talvez, se cair em algumas boas noites de Westbrook e Beal, dar um susto ao roubar um ou dois jogos na primeira rodada dos playoffs, mas não mais que isso. 

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* Por Matheus Gonzaga e Pedro Toledo (Layups & Threes)

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