Brooklyn Nets: um poder de fogo no ataque sem precedentes na NBA

Matheus Gonzaga e Pedro Toledo analisam o desempenho do Nets na fase regular em 2020/21

nets título nba apostas Fonte: AFP

O Brooklyn Nets é um fenômeno interessantíssimo. Talvez nenhum time na história tenha tido tanto poder de fogo no ataque. James Harden, Kevin Durant e Kyrie Irving são talentos históricos nesse lado da quadra, e peças complementares no calibre de Joe Harris maximizam o potencial da equipe. Não é coincidência o Nets estar empatado com o Los Angeles Clippers desta temporada na briga pela maior eficiência ofensiva da história da NBA (o que é ainda mais impressionante, se considerarmos que as três estrelas da equipe mal jogaram juntas).

Mas do outro lado da quadra, o desempenho da franquia do Brooklyn é péssimo, sendo a oitava pior de toda a liga. Historicamente, times ruins defensivamente não são campeões. Nos últimos 20 anos, apenas duas equipes que não estavam entre as dez melhores defesas levaram o troféu: o Warriors de 2017/18 (que foi a 11ª, ainda sendo acima da média) e o Los Angeles Lakers de 2000/01, que teve uma colocação similar à do Nets atual. Por outro lado, a defesa do Lakers no ano em questão foi uma aberração. No ano anterior, no ano seguinte e nos playoffs de 2001, a equipe angelina teve um desempenho de elite nesse lado da quadra. Brooklyn não parece ter o pessoal para isso. O dilema do time é: “até onde um ataque histórico pode carregar uma defesa ruim?”

Falar sobre o estilo ofensivo de Brooklyn é um pouco complicado, se considerarmos todas as ausências e lesões. Mas uma tendência extremamente evidente é o uso da situações de isolation. Trata-se da segunda equipe da liga que mais as usa (10.1% das posses), e a presença das três estrelas transforma isso em algo quase imparável. Durant gera 1.16 pontos por execução da jogada, Irving 1.11 e Harden 1.07, todos em volumes bem elevados. Basta gerar mano a mano que o ataque da equipe será eficiente. E nem contestação adianta! Durant tem 1.25 pontos por arremesso contestado, Irving e Harden 1.05 (sólido para a situação), isso além das faltas cavadas. Se uma defesa mais agressiva é testada, são gerados spot ups para ótimos arremessadores, sejam os integrantes do Big 3 que não estão com a bola no momento, ou o letal Harris arremessando do perímetro.

O ala acerta 48% de suas 6.5 bolas de três tentadas por jogo e, quando deixado bem livre, converte incríveis 58%. Deixar Harris arremessar no perímetro é ainda pior do que permitir o mano a mano para os astros. E não é apenas o ala que é perigoso nessa situação. Landry Shamet, Tyler Johnson e Jeff Green também acertam mais de 40%. Há diversas formações utilizadas por Steve Nash em que é impossível dobrar ou ajudar para impedir as estrelas de pontuarem no um contra um.

No outro lado da quadra, porém, a situação é extremamente complicada. O único jogador com bom desempenho protegendo o aro é o jovem Nicolas Claxton, e não há jogadores capazes de marcar efetivamente grandes criadores na armação ou nas alas. Mas uma defesa minimamente sólida, talvez se inspirando na última defesa de um time de James Harden, pode ser o bastante. Um esquema de trocas de marcação, induzindo o time adversário a pontuar no um contra um acaba reduzindo a necessidade de grandes ajudas defensivas ou coberturas mais complexas no pick-and-roll. A questão é que Brooklyn é o sétimo pior time da liga marcando nessa situação, sem contar o fato que esse esquema pode ser exposto por jogadores com protótipos físicos bem únicos, como Giannis Antetokounmpo e Joel Embiid, que são matchups bem prováveis em possíveis séries nos playoffs do Leste. 

Apesar dos grandes nomes, o Nets não é um favorito do nível do Warriors de alguns anos atrás. Trata-se de uma equipe com um grande buraco defensivo, e times com essa característica quase nunca são campeões. Por outro lado, quase nunca (ou nunca) existiu um time com tamanho poder de fogo como esse. É bem possível que Brooklyn leve o título, mesmo com todas as limitações defensivas. Mas para isso, seu ataque vai precisar compensar uma extrema fragilidade no outro lado da quadra.

 

* Por Matheus Gonzaga e Pedro Toledo (Layups & Threes)

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