Times históricos do NBB – Brasília (2007-2013)

Jumper Brasil relembra a época de ouro vivida pelo Brasília e traz aos leitores uma entrevista com o ídolo Guilherme Giovannoni

Fonte: Jumper Brasil relembra a época de ouro vivida pelo Brasília e traz aos leitores uma entrevista com o ídolo Guilherme Giovannoni

Após o fim dos capítulos semanais sobre os maiores jogadores da história do NBB, o Jumper Brasil irá apresentar mais uma série voltada ao basquete nacional, desta vez relembrando times históricos da competição. Hoje, falaremos da dinastia do Brasília entre os anos de 2007 e 2013, período em que a equipe da capital brasileira conquistou diversos títulos. Junto ao texto, há uma entrevista com Guilherme Giovannoni, MVP da temporada 2010-11, duas vezes MVP das finais do NBB, duas vezes MVP da Liga Sul-americana e muito mais.

O início

A história do Brasília teve início em 2000, quando a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) decidiu montar uma equipe de basquete na cidade brasiliense. O clube, inicialmente, ganhou destaque local após vencer campeonatos metropolitanos no Distrito Federal (DF). A entrada definitiva no cenário nacional aconteceu  em 2003, a partir do alto investimento do Banco de Brasília (BRB), patrocinador master do time na época. O domínio iniciou-se na mesma época, com o time da capital conquistando duas vezes (2003 e 2004) a extinta Supercopa Brasil de Basquete Masculino.

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Época de Ouro

Brasília esteve, por alguns anos, brigando no topo da liga nacional, mas a hegemonia da equipe, conhecida até hoje como ‘Época de Ouro’, começou apenas em 2007. Neste ano, os comandados de José Carlos Vidal marcaram época ao vencer o título do Campeonato Brasileiro, ainda organizado pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB), antes da fundação do Novo Basquete Brasil, em 2008. A conquista foi o ponto inicial de nomes como Nezinho, Alex Garcia e Arthur, que viriam a se tornar ídolos do time mais à frente. No ano de 2008, a equipe disputou seu último torneio nacional antes do NBB. A dupla Alex e Nezinho deixou o Brasília na temporada em questão, que repôs as baixas contratando o armador Valtinho e o norte-americano Maurice Spillers. Os brasilienses, que voltaram a ser comandados por Lula Ferreira, chegaram até a final, mas acabaram sendo derrotados pelo Flamengo.

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Com a volta de Alex Garcia, Brasília estreou no NBB com um grande favoritismo ao lado do Flamengo. Curiosamente, a final da última edição do Campeonato Brasileiro se repetiu na primeira edição do Novo Basquete Brasil. O clube da capital brasileira não conseguiu, novamente, vencer o rubro-negro carioca. Mas desta vez o embate foi bem apertado: 3-2 na série e o posto de campeão nacional seguiu no Rio de Janeiro. Em contrapartida, Brasília conseguiu um feito inédito sagrando-se vencedor da Liga das Américas, principal competição continental da América Latina. Os brasileiros triunfaram sobre o Halcones Xalapa, do México, e conquistaram o quadrangular final. O ala Alex foi eleito o MVP das finais.

Devido ao sucesso da equipe na temporada 2008-09, Brasília decidiu reforçar ainda mais seu elenco, pois sabia que do calibre de seu plantel e das necessidades para conquistar o inédito título do Novo Basquete Brasil. Jogadores da Seleção Brasileira na época, o armador Nezinho e o ala-pivô Guilherme Giovannoni foram repatriados pelos Lobos. Os comandados de Lula Ferreira fizeram uma campanha exuberante na fase regular, vencendo 21 dos 26 jogos disputados e encaminhando a classificação para a pós-temporada na primeira colocação, à frente do Flamengo. E, após difíceis triunfos sobre Bauru e Minas, Brasília enfrentou novamente os cariocas em uma final. A revanche teve um rumo diferente neste ano e os brasilienses garantiram o título do NBB com uma vitória por 3-2 na série diante do rubro-negro.

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“A responsabilidade estava bem dividida, tínhamos uma equipe cheia de estrelas no cenário nacional. Sabia que existia a pressão de vencer e queríamos isso, mas não foi um ano fácil”, disse Guilherme Giovannoni ao ser perguntado sobre sua responsabilidade no primeiro NBB do Brasília.

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A temporada seguinte foi de altos e baixos para Brasília. Por interesses políticos, a UNIVERSO resolveu deixar o time da capital federal, abandonando de vez o projeto brasiliense. A universidade, que patrocinava o clube, decidiu utilizar sua outra franquia, adquirida em 2008, e reativou o Unitri/Uberlândia. Feito isso, passaram a investir na equipe mineira, que reforçou seu elenco para o NBB com Valtinho e Estevam, ex-jogadores do Brasília, que, por sua vez, fechou acordo com um novo patrocinador e passou a ser gerido pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB).

Giovannoni comentou sobre esse período de incertezas “Após a primeira conquista, o grupo UNIVERSO levou a franquia pra Uberlândia e Brasilia quase ficou sem time. Acabamos renovando o contrato mesmo em meio a incertezas, porém a entrada do UNICEUB fez o projeto funcionar. Eu estava muito motivado com o time e com a seleção, isso me fazia treinar bastante pra alcançar um ótimo nível de excelência”.

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Mesmo com as adversidades, a equipe seguiu com força total. Brasília, agora vestindo o vermelho e branco da UNICEUB, trocou de treinador, substituindo o renomado Lula Ferreira pelo já conhecido José Carlos Vidal. Embalados pelo título anterior, os brasilienses repetiram o feito e conquistaram, pela segunda vez consecutiva, o título do NBB. A glória máxima foi alcançada, mas com diversas dificuldades pelo caminho. No primeiro embate na pós temporada, venceram, em uma série equilibrada, o Unitri/Ubêrlandia, uma ironia do destino. Na fase final dos playoffs, derrotaram Pinheiros e Franca para levar o título para o Distrito Federal, que, além de comemorar o seu terceiro triunfo nacional, também festejou a vitória do Brasília sobre o Flamengo, no Rio de Janeiro, em final válida pela Liga Sul-americana de 2010. “A conquista do bicampeonato no Ginásio Nilson Nelson, com mais de 15 mil pessoas celebrando a conquista, não tem preço. Essa é minha melhor lembrança”, relembrou Giovannoni.

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Na temporada seguinte, Brasília realizou, com objetivo de conquistar o tri-campeonato do NBB, a manutenção da base de seu elenco. Alex, Giovanonni, Nezinho e companhia viram o nível da competição nacional aumentar com grandes planteis de equipes como Pinheiros, São José e Flamengo. Apesar da enorme concorrência, os brasilenses conquistaram o terceiro título consecutivo, que viria a ser, até o momento, o último de sua história. Para chegar até a conquista, Brasília finalizou a fase regular na terceira posição, enfrentou Bauru nas quartas de final da pós-temporada e, após vencer o Flamengo nas semifinais, derrotou o poderoso São José na grande decisão. O triunfo histórico colocava Brasília como a maior força brasileira da época.

Presente nos três títulos do Brasília, Giovannoni falou sobre as finais que garantiram o tricampeonato aos candangos “O fato do primeiro título ser decidido em Anápolis, devido a uma confusão no Jogo 3, foi um complicador. O sentimento era de jogar em um campo neutro. Além disso, claro que cada série tem uma história, mas reverter o mando de quadra de Franca para conquistar o segundo campeonato foi especial. Também tenho um carinho enorme pela vitória contra São José, no último troféu que erguemos, pois na temporada regular perdemos as duas confrontos diante deles e fomos decidir fora de casa, já que a final que era em jogo único”, completou.

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O fim acompanhado de reformulação

A ‘Época de Ouro’ do Brasília chegou ao fim após o título sobre o São José. Na temporada seguinte, os brasilienses ainda contavam com o trio amedrontador, mas terminaram o ano sem nenhuma conquista, caindo nas quartas de final do NBB 5. Sob o comando de Sérgio Hernández na época subsequente, os candangos até almejaram grandes triunfos, mas foram novamente eliminados nas quartas de final da competição brasileira. Apesar do insucesso no NBB, Brasília garantiu mais um troféu após a incrível vitória diante do Aguada, do Uruguai, na final da Liga Sul-americana de 2013. A equipe da capital federal viria a conquistar o mesmo título em 2015, pela terceira vez na história.

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“Além dos títulos sul-americanos, alcançamos três quadrangulares finais de Liga das Américas (atual Champions League das Américas). Todos na América Latina sabiam quem era o Brasília. Sempre éramos o time a ser batido”, afirmou Giovannoni.

Na temporada 2014/15, o trio foi desfeito, encerrando de vez o período de glória do Brasília, que deu a equipe anos de hegemonia nacional. Na reformulação, Alex Garcia se transferiu para o Bauru e o armador Nezinho foi repatriado pelo Limeira. Giovannoni, que seguiu no Brasília até 2017, lamentou a separação. “Foi bem triste, pelo menos da minha parte. Eu achava um erro desmontar uma equipe vencedora como aquela. Mas cada um encontrou seu melhor caminho e, querendo ou não, o esporte tem disso”.

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Ídolo máximo do Brasília e um dos responsáveis pela ‘Época de Ouro’ brasiliense, Guilherme Giovannoni, hoje comentarista dos canais ESPN, exaltou a força do grupo e declarou-se à capital federal. “Tínhamos uma ótima relação no vestiário. Éramos jogadores que, sobretudo, queriam vencer. E isso foi fundamental para as nossas conquistas. Como todas as equipes, também sofremos com problemas, mas as adversidades não superavam nossas motivações. Brasília foi a equipe em que mais atuei como profissional. Voltei para o Brasil com o objetivo de ganhar o NBB e acabei me apaixonando pela cidade. Tenho ótimas memórias, grandes amigos e muitas saudades da capital federal. Gratidão eterna”. 

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